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Forçar o uso de cartões não era objetivo de lojas
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia de "empurrar" ao consumidor os cartões de débito não
era prioridade das lojas. Havia
outra alternativa na mesa, que foi
discutida por grandes redes de supermercados no início do ano.
A estratégia consistia, na prática, em reduzir o uso e "barrar" os
aumentos solicitados pelas empresas nas taxas cobradas em cada compra realizada com o cartão
de débito.
Nas frequentes conversas com
as empresas que administram os
cartões, entretanto, a conversa foi
mudando de tom. Atualmente, há
mais entendimento entre eles.
Mas nem sempre a situação foi
essa entre as partes. Nos primeiros meses do ano, grandes supermercados levantaram a hipótese
de informar o cliente a respeito
dos gastos da loja com esse meio
de pagamento.
A idéia era descriminar, na nota
fiscal, o quanto a loja paga pela
compra com o cartão de débito. O
gasto seria pago pelo cliente, e não
pela loja.
Com isso, porém, existiriam
clientes pagando mais ou pagando menos pela mesma compra,
dependendo da opção de pagamento. Advogados foram consultados, mas a estratégia poderia ferir o Código de Defesa do Consumidor. É ilegal cobrar do cliente
uma taxa por causa da forma de
pagamento escolhida.
Sem muitas saídas, varejo e banco acabaram juntando forças.
Quem deve pagar, porém, é o
consumidor. Parte dos custos da
loja com a taxa paga aos bancos,
para a compra com o cartão de
débito, é repassado aos preços, segundo a Folha apurou.
Supermercados e bancos são setores que mantêm margens de lucro positivas e, em alguns casos
(como das instituições financeiras), têm rentabilidade alta. As redes faturam no ano R$ 72,5 bilhões e são donas de 6,2% do PIB.
As empresas de cartão faturam
mais de R$ 50 bilhões por ano.
Nessa ação em torno do aumento no uso do cartão de débito, há
dúvidas, porém, em relação a eficácia da estratégia.
Ainda há forte recusa, por parte
de uma parcela de consumidores,
em usar o cartão. Com isso, não é
certo que mesmo uma agressiva
campanha de marketing poderá
fazer o cliente seguir esse caminho, afirmam os analistas.
Procurada pela Folha, a Visanet
informa apenas que "as promoções e ações conjuntas são formas
diferenciadas de trabalhar com
grandes clientes".
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