São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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Forçar o uso de cartões não era objetivo de lojas

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia de "empurrar" ao consumidor os cartões de débito não era prioridade das lojas. Havia outra alternativa na mesa, que foi discutida por grandes redes de supermercados no início do ano.
A estratégia consistia, na prática, em reduzir o uso e "barrar" os aumentos solicitados pelas empresas nas taxas cobradas em cada compra realizada com o cartão de débito.
Nas frequentes conversas com as empresas que administram os cartões, entretanto, a conversa foi mudando de tom. Atualmente, há mais entendimento entre eles.
Mas nem sempre a situação foi essa entre as partes. Nos primeiros meses do ano, grandes supermercados levantaram a hipótese de informar o cliente a respeito dos gastos da loja com esse meio de pagamento.
A idéia era descriminar, na nota fiscal, o quanto a loja paga pela compra com o cartão de débito. O gasto seria pago pelo cliente, e não pela loja.
Com isso, porém, existiriam clientes pagando mais ou pagando menos pela mesma compra, dependendo da opção de pagamento. Advogados foram consultados, mas a estratégia poderia ferir o Código de Defesa do Consumidor. É ilegal cobrar do cliente uma taxa por causa da forma de pagamento escolhida.
Sem muitas saídas, varejo e banco acabaram juntando forças. Quem deve pagar, porém, é o consumidor. Parte dos custos da loja com a taxa paga aos bancos, para a compra com o cartão de débito, é repassado aos preços, segundo a Folha apurou.
Supermercados e bancos são setores que mantêm margens de lucro positivas e, em alguns casos (como das instituições financeiras), têm rentabilidade alta. As redes faturam no ano R$ 72,5 bilhões e são donas de 6,2% do PIB. As empresas de cartão faturam mais de R$ 50 bilhões por ano.
Nessa ação em torno do aumento no uso do cartão de débito, há dúvidas, porém, em relação a eficácia da estratégia.
Ainda há forte recusa, por parte de uma parcela de consumidores, em usar o cartão. Com isso, não é certo que mesmo uma agressiva campanha de marketing poderá fazer o cliente seguir esse caminho, afirmam os analistas.
Procurada pela Folha, a Visanet informa apenas que "as promoções e ações conjuntas são formas diferenciadas de trabalhar com grandes clientes".


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