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TRABALHO EM XEQUE
Para pesquisadores, resistência às mudanças será forte, e manter apoio de dirigentes será desafio
Reforma sindical exige cautela, diz Unicamp
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mudar a estrutura sindical brasileira e manter o apoio dos dirigentes sindicais será um dos grandes desafios do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva. Para Leôncio
Martins Rodrigues, professor titular do Departamento de Ciências Políticas da Unicamp, e para
Marco Antonio de Oliveira, pesquisador e professor de Economia do Trabalho da Unicamp, a
resistência às reformas é forte.
"Dezenas de milhares de pessoas vivem dessa estrutura -do
lado dos empregados e também
dos patrões", diz Rodrigues. "As
reformas trabalhista e sindical
não devem sair no início do governo para não abrir conflito entre os sindicatos em um momento
delicado. A tendência é conduzir
a discussão com cautela e caldo de
galinha", afirma Oliveira.
Para Rodrigues, o governo petista deveria acabar com a contribuição obrigatória e com o monopólio sindical. "O imposto sustenta um bando de sindicatos fantasmas, e a unicidade não permite
concorrência", afirma Rodrigues.
Ele também é contra a criação
de um fundo sindical como opção
de manter os sindicatos. "Quem é
que vai pagar isso? São os trabalhadores, nós."
Na avaliação de Oliveira, os sindicatos deveriam sobreviver com
a cobrança de mensalidades e de
uma contribuição paga na ocasião das negociações salariais por
quem se beneficia dos acordos feitos -sejam associados ou não.
Também defende que as mudanças na estrutura sindical sejam feitas sem causar "desorganização"
e uma "verdadeira guerra pela sobrevivência".
Para Rodrigues, o movimento
sindical é uma instituição em declínio no mundo todo. Os setores
nos quais o emprego cresce, como
nos serviços, diz, não são favoráveis à sindicalização.
A salvação dos sindicatos, diz,
na análise de alguns teóricos, "que
parece ser também uma idéia de
Lula", é deixar de ser uma instituição apenas para representar os
trabalhadores. Tem de levantar a
bandeira da cidadania, como denunciar a discriminação racial.
"Isso permitiria ao sindicalismo
ter um outro papel no mundo
contemporâneo", afirma.
Para Oliveira, os sindicatos devem recuperar o dinamismo. "O
desemprego, com diminuição da
base de representação e a política
neoliberal dos anos 90, afastaram
os trabalhadores dos sindicatos",
diz. Com as reformas previdenciária, tributária e trabalhista, a
tendência é que os sindicatos voltem à cena.
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