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SANGRIA DAS MÚLTIS
Só 5% do capital nacional aplicado no exterior está em fábricas; aumento pode elevar saldo comercial
Indústria só debuta na internacionalização
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor industrial brasileiro engatinha em seu processo de internacionalização, sofre com o alto
custo de capital e quando se atreve a ir para o exterior o faz na
maioria das vezes como alavanca
para suas exportações.
De acordo com pesquisa do
Banco Central, em 2001 havia US$
69,6 bilhões de ativos de brasileiros no exterior. Considerado somente o investimento direto (US$
43,6 bilhões), o montante destinado à indústria correspondia a apenas US$ 2,1 bilhões -ou 5%.
A maior parte, ou US$ 39,799
bilhões (91,2%), estava empregada no setor de serviços, que inclui
bancos, holdings, construtoras,
empresas de transporte e comércio. Não mais que US$ 1,671 bilhão (3,8%) fora aplicado no setor
agropecuário e na extração mineral no exterior -deste montante,
US$ 1,556 bilhão, consumido pela
extração de petróleo.
Dos US$ 2,171 bilhões empregados na atividade industrial, US$
626 milhões (28,8%) foram para a
produção de coque (carvão), refino de petróleo e produção de álcool; US$ 440 milhões (20,3%) para produtos minerais não-metálicos (Vale do Rio Doce). Em seguida aparecem fumo (8,6%), veículos (7,3%), equipamentos eletrônicos (6%), celulose e papel
(5,7%), alimentos e bebidas e produtos de metal, ambos com fatia
de 5,5% ou US$ 118 milhões, cada.
""A empresa brasileira que se
instala no exterior investe em serviços técnicos, escritórios de vendas, como fizeram a Sadia (que
mantém centros de distribuição
nos EUA e Argentina) e a Embraer (que abriu oficinas e escritórios nos EUA, Europa e Ásia e, no
ano passado, anunciou uma joint
venture na China)", diz Júlio Sérgio de Almeida, do Iedi.
Ou como a siderúrgica Gerdau,
que, para driblar barreiras comerciais, adquiriu nos últimos anos
usinas no Uruguai, no Chile, nos
EUA, na Argentina e no Canadá.
Outro trabalho, da Funcex
(Fundação de Estudos de Comércio Exterior), divulgado em novembro, mostrava que, das empresas brasileiras dispostas a investir no exterior, 65% pretendiam fazê-lo em representações
comerciais e distribuição. Somente 8% pretendiam adquirir ativos.
Um dos argumentos usados por
pesquisadores para a baixa internacionalização seria o tamanho e
o dinamismo do mercado brasileiro. Não é apenas isso. "Entre as
grandes dificuldades está o custo
de capital. Enquanto uma companhia estrangeira se financia pagando uma taxa de juros de 5%, a
brasileira, se tomar capital aqui,
paga 20%", diz Almeida.
Para o Iedi, a expansão da internacionalização das indústrias
passará, antes, pelo aumento da
corrente de comércio. "A internacionalização é essencial por dois
motivos: primeiro porque as empresas precisam estar no exterior
para que possam tomar decisões
(de compradores) que são cada
dia mais globalizadas. Segundo,
porque elas elevam nossas exportações", completa o economista.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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