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LANÇAMENTO
Livro conta história do euro
OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se tivesse sido eleito presidente da França, o líder da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen,
tentaria ressuscitar o franco, incinerado para dar lugar ao euro.
A simples ojeriza de um político
ultranacionalista como Le Pen à
unidade monetária dos 12 países
da União Européia sugere que ela
deve significar algo de bom.
A nova moeda, com efeito, exerce um papel inibidor de aventuras
totalitárias. Se não o euro, propriamente, pelo menos o projeto
de união voluntária entre nações
livres que o euro representa.
A dimensão política do fato econômico não escapa à reconstituição histórica feita por Silvia Bittencourt em "O Euro", da série
"Folha Explica", da Publifolha.
"Acredita-se que a união econômica e monetária européia fomentará a integração política do
continente", afirma Silvia Bittencourt, jornalista que, há 11 anos
morando na Alemanha, acompanhou de perto o debate.
Não deixa de ser sintomático
que a idéia seminal do euro tenha
sido lançada logo depois do fim
da Segunda Guerra Mundial.
Em setembro de 1946, o ex-premiê britânico Winston Churchill
fez um célebre discurso defendendo a criação de uma espécie
de Estados Unidos da Europa.
A autora retrocede a essa fala
para traçar os antecedentes do euro. Na prática, o surgimento do
conceito de união no continente
data de 1957, quando os Tratados
de Roma deram origem à Comunidade Européia.
Em quase meio século, o projeto
do euro teve avanços e recuos. Resultado de experiência inédita, a
unidade monetária só começaria
a nascer em dezembro de 1991,
com o Tratado de Maastricht.
O acordo estabelece uma série
de regras que, em síntese, tentam
garantir a adesão dos países a
uma cultura de estabilidade econômica. Comprometidos com o
combate sem tréguas à inflação,
os 12 países europeus abriram
mão de suas políticas cambial e
monetária, entregando-as ao BCE
(Banco Central Europeu).
Embora contribua para dar credibilidade ao euro, a independência do BCE está na raiz do ceticismo em relação à nova moeda.
A política monetária e cambial
comum trata igualmente realidades desiguais. Hoje, um país não
pode mais, sozinho, reduzir os juros para estimular a economia, ou
desvalorizar a moeda para baratear as exportações. Tudo depende do BCE, que atua para o conjunto, não para cada país.
Os entusiastas do euro acreditam que o modelo irá promover o
crescimento econômico. Motivos
não faltam: as empresas têm acesso a um mercado de mais de 300
milhões de consumidores, os preços são transparentes, os turistas
podem circular sem trocar dinheiro em cada parada.
Mas, como lembra a autora, "é
preciso tempo para concluir se a
nova moeda comum européia
deu certo ou não". Certeza, só
uma: "O euro é um projeto praticamente sem retorno".
"O Euro" (série "Folha Explica",
Publifolha), de Silvia Bittencourt
Lançamento: terça-feira, 4 de junho, na
Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos
(av. Nações Unidas, 4.777), às 19h.
Quanto: R$ 9,90 (89 páginas)
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