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Presidenciáveis querem mudar estratégia de FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nenhum dos principais presidenciáveis pretende seguir à risca
o calendário e a estratégia definidos pelo governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso nas
negociações internacionais.
O pré-candidato do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, pretende cuidar da reconstrução do Mercosul
antes de negociar com os países
mais ricos. "Antes de negociar a
Alca ou com a União Européia, é
preciso resgatar o Mercosul", disse o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), que integra a cúpula
da campanha petista.
Ciro Gomes, pré-candidato do
PPS, por sua vez também promete rever o calendário de negociações e dar prioridade ao Mercosul. Segundo sua assessoria, o
Brasil não estará preparado para
enfrentar as negociações antes de
fazer a reforma tributária e reduzir a taxa de juros.
Referendo popular
Na semana passada, Ciro afirmou que pretende submeter a
adesão do Brasil à Alca (Área e Livre Comércio das Américas) a um
referendo popular, idéia também
defendida pelo PT.
"O paralelismo dos cronogramas [fazer as negociações avançarem no mesmo ritmo" obedece à
lógica de não ter de pagar dois
preços para a obtenção de mercados diferentes, já que o Brasil negocia no plano regional (Alca e
Mercosul-União Européia) e
multilateral (OMC)", afirma o
subsecretário de Assuntos Econômicos e de Intregração do Itamaraty, embaixador Clodoaldo Hugueney.
Segundo o embaixador, as negociações regionais são mais profundas do que as multilaterais,
portanto, os passos na OMC balizam as ofertas feitas na Alca e para
a União Européia. De acordo com
Hugueney, o calendário das negociações é uma decisão de consenso, e os demais países não vão esperar pelo Brasil. O pré-candidato
do governo, José Serra (PSDB-SP), não pretende desonrar os
compromissos assumidos pelo
atual governo.
"O problema não é o cronograma, teremos força para adaptá-lo
aos nossos interesses e faremos isso." Segundo Serra, o que ameaça
a Alca não é o despreparo do Brasil, mas as barreiras comerciais
dos EUA.
Serra muda cronograma
Por outro lado, Serra é enfático
ao afirmar que só negocia a partir
da tarifa consolidada na OMC, de
35%, contrariando o compromisso assumido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso na Alca
e com a União Européia, de começar a reduzir tarifas a partir do
nível das tarifas aplicado na prática -em média, bem mais baixo.
Ao contrário do governo, que vê
no Mercosul seu principal instrumento de política externa, e do
PT, que defende o aprofundamento do bloco antes da aproximação com outros países, Serra
quer evitar que o Mercosul seja
um empecilho para Brasil.
Para o candidato tucano, o Mercosul tem de consolidar a zona de
livre comércio antes de aprofundar-se, ou seja, tornar-se uma
união aduaneira, como querem o
governo e o PT.
"Temos de ter mais liberdade
no que se refere a tarifas a fim de
que o Brasil possa agilizar acordos
com outros países isoladamente,
como faz o México", disse Serra.
De acordo com as normas do
Mercosul, os países-membros
não podem fazer acordos comerciais sem os parceiros.
Para Hugueney, sem o Mercosul, o Brasil corre o risco de reduzir sua presença no mundo e contraria a tendência de integração
na economia mundial em blocos.
O pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, ainda não detalhou seus planos para as negociações internacionais. No debate
promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) no início do mês, Garotinho disse que
pretende fortalecer a liderança no
Brasil na América do Sul e dar
prioridade a acordos comerciais
com países em desenvolvimento.
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