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Para Mantega, inflação subiu "só um pouquinho"
Lula diz que país está em situação "confortável"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O presidente Lula e o ministro Guido Mantega (Fazenda)
minimizaram os efeitos da inflação no Brasil, afirmando que
a situação está mais confortável que a de outros emergentes.
Mantega disse que há "exagero" e "alarmismo fora de propósito" nas análises feitas sobre o
aumento da inflação brasileira.
Em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados,
o ministro disse que os preços
no Brasil subiram "só um pouquinho", que o governo vem tomando medidas para resolver o
problema e que não abrirá mão
do crescimento da economia.
"É exagerado falarmos em
dragão da inflação. Dragão parece ser um monstro perigoso
que vai nos devorar. Não estamos nesse ponto. O governo se
preocupa [com a inflação], mas
não chega a ser um monstro perigoso que pode causar maiores
danos", disse Mantega.
O ministro também afirmou
que não é necessário que as donas-de-casa comecem a fazer
estoques, hábito comum durante os anos de inflação elevada no país. Para ele, o noticiário
tem "exagerado na dose" e passa a impressão de que os preços
estão subindo aceleradamente.
"Isso [alarmismo] acaba contagiando. O cidadão que fica lá,
que não subiu o preço e fica ouvindo o noticiário, acaba se
convencendo de que a inflação
está subindo barbaramente,
enquanto isso não é verdade."
A comparação com outros
países foi um argumento de
Mantega para mostrar que não
há descontrole inflacionário.
Entre os 20 países que adotam
regimes de meta para a inflação, apenas o Brasil e Canadá,
segundo os dados apresentados
pelo ministro, tiveram aumentos de preços no intervalo de
tolerância de suas metas.
"[A inflação] está subindo na
China, na Rússia, aqui não.
Aqui subiu um pouquinho,
1,5% a 2%. Então não é o caso
de fazermos alarde."
Mantega também enfatizou
que não abrirá mão do crescimento econômico. Segundo
ele, a taxa de 5,4% do ano passado, será reduzida para entre
4,5% e 5% esse ano. "O ciclo de
crescimento não será interrompido. Nós garantimos que o
país continuará crescendo."
Segundo ele, a taxa de juros
fixada pelo BC (Banco Central)
"ainda está alta", mas é "preciso
olhar as metas de inflação". Para o crédito, o ministro previu
um crescimento menos acelerado que os atuais 32%. Uma
desaceleração para cerca de
30% é esperada pelo governo.
Lula
Ao comentar o risco de escalada dos preços no país puxada
pela crise internacional dos alimentos, o presidente Lula também disse que a situação inflacionária "é a mais confortável"
no Brasil que entre os outros
Brics (Rússia, Índia e China).
"Nós temos uma inflação
causada por alimentos e é uma
inflação mundial. Entre os
Brics, o Brasil é o que tem menor inflação. Portanto, estamos
em uma situação confortável
dentro da meta que estabelecemos [4,5% de inflação com tolerância de dois pontos para
mais ou para menos]."
No lançamento do Plano
Agrícola e Pecuário, em Curitiba, o presidente defendeu o aumento na produção dos alimentos no combate à inflação.
O presidente disse que atribuir a alta dos alimentos a do
preço do petróleo "é uma meia
verdade" e acusou bancos que
de tentarem "ganhar dinheiro
especulando com os alimentos
e com o petróleo."
Ele disse que abordará o tema na reunião do G8 (países
mais industrializados e a Rússia), na semana que vem.
(DIMITRI DO VALLE e LEANDRA PERES)
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