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Aplicação da Previ ultrapassa limite
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil e
o maior do país, não teria condições hoje de investir no setor de
infra-estrutura como deseja o governo federal. A fundação, que
conta com patrimônio de R$
44,26 bilhões, está com nível de
aplicação em ações (renda variável) bem acima do que é permitido pelas normas que regem a previdência complementar.
Na área de energia elétrica, por
exemplo, o fundo tem mais investimentos do que seus administradores gostariam de manter em
carteira, segundo apurou a Folha.
Para aplicar em novos projetos, a
Previ teria de se desfazer de parte
dos atuais investimentos.
No entanto, as ações das elétricas, de um modo geral, tiveram
forte desvalorização após a crise
de energia, em 2001, e, mais recentemente, por conta da suspensão do pagamento de dívidas de
algumas companhias, como a
Eletropaulo e a Light.
Portanto, se a Previ vendesse
hoje as ações que tem em sua carteira, teria um prejuízo.
Pelas regras de previdência
complementar fechada (fundos
de pensão restritos a funcionários
de uma mesma empresa ou categoria profissional), as fundações
não podem manter mais do que
45% do patrimônio em renda variável. A Previ, de acordo com o
balancete de março deste ano,
tem 56,38% em renda variável, o
que equivale a R$ 24,96 bilhões.
As aplicações no setor de energia elétrica representam 17% do
total dos investimentos da Previ
em renda variável. Só de ações da
AES Tietê, que integra o grupo
que controla a Eletropaulo, a Previ tinha R$ 8,5 milhões em dezembro passado.
Os administradores da fundação avaliam que as aplicações no
setor de transportes também estão no limite do que consideram
prudente. Ou seja, a Previ teria
hoje fortes restrições para investir
em duas das principais áreas de
infra-estrutura.
Além disso, a contribuição dos
associados (ativos e inativos) não
é suficiente hoje para cobrir o pagamento dos benefícios. Em 2002,
a Previ arrecadou R$ 1,56 bilhão,
para gastos de R$ 2,7 bilhões. A
diferença teve de ser coberta pelo
retorno com os investimentos.
A Petros, dos funcionários da
Petrobras, é outro fundo de pensão que também tem sérias complicações para investir em grandes projetos de infra-estrutura.
Do patrimônio de R$ 19,4 bilhões,
R$ 8,181 bilhões -quase a metade- são títulos do Tesouro Nacional de longo prazo, com vencimento em dez e 30 anos.
Para aplicar em novos projetos,
a fundação provavelmente precisaria vender parte desses títulos.
Mas, como a demanda é muito
baixa por títulos de longo prazo, a
venda no mercado acarretaria
uma depreciação dos papéis, o
que poderia desequilibrar a situação patrimonial do fundo.
(LEONARDO SOUZA)
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