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Vendas maiores devem dar lucro a argentinos
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O governo argentino espera exportar mais carne, soja e farinhas
de origem vegetal por conta do
aparecimento do mal da vaca louca nos Estados Unidos.
Segundo o secretário de Agricultura, Miguel Campos, a Argentina está em uma situação "altamente favorável" para aproveitar
as consequências da crise sanitária americana.
"O primeiro impacto, sem dúvida, vai ser um aumento de ingressos no país por incrementos nos
preços e na demanda de produtos
derivados da soja", explicou.
Cálculos extra-oficiais apontam
que esses ingressos extras poderiam variar de US$ 500 milhões a
US$ 2 bilhões, mas a secretaria
prefere esperar a evolução dos
mercados antes de fazer uma projeção.
Na visão do governo, o país poderá, com esses ganhos eventuais,
compensar perdas ocorridas por
conta da redução no consumo e
da menor confiança dos consumidores no produto.
A Argentina é o primeiro exportador mundial de farinha de soja e
o terceiro exportador desse tipo
de grão. Para o secretário, a grande vantagem da Argentina é que o
sistema de produção do país é de
base pastoril.
"O nível de uso de rações que
possam conter farinha de carne é
muito menor. Hoje a Argentina,
junto possivelmente com o Brasil,
é o país que tem menos riscos",
disse.
Segundo Campos, existe ainda a
possibilidade de que a Argentina
possa vir a atender parte da demanda dos mercados que deixaram de comprar dos Estados Unidos.
Maior controle
O presidente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens,
concorda. Ele avaliou que, com o
fechamento de mercados à carne
procedente dos Estados Unidos,
"indubitavelmente vai ficar uma
demanda que a Argentina, como
país produtor, de alguma maneira
teria possibilidades de assumir".
Oitavo exportador mundial de
carne, a Argentina exportou, entre janeiro e novembro de 2003,
mais de 275 mil toneladas do produto por US$ 573,8 milhões.
Antes da divulgação do caso de
vaca louca nos Estados Unidos, a
expectativa oficial era de um aumento no volume de exportações
para 350 mil toneladas do produto neste ano.
Na opinião de Miguens, isso
não significa que a Argentina terá
maior acesso ao mercado interno
americano. Isso porque os EUA
devem adotar medidas extremas
de controle sobre os países de onde eles importam carne.
"O mercado americano agora
fechará suas portas à importação
e é um mercado que vamos perder."
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