São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

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Alimentos recuam, e inflação em SP fecha agosto em 0,38%

Pressão maior no mês vem da habitação, com impacto do reajuste da energia

Queda no item alimentação, de 0,49%, é a maior desde junho de 2006; tomate (-29,86%) e feijão (-6,20%) são destaques de baixa

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Com a queda nos preços dos alimentos, que tiveram deflação de 0,49% em agosto, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) medido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) registrou alta de 0,38%, contra 0,45% no mês anterior. A maior elevação foi do item habitação (1,03%), variação que só não supera a de agosto de 2004 (1,78%).
O maior impacto veio do reajuste da conta de energia elétrica, com aumento de 5,05%. Os preços do aluguel (0,39%) também contribuíram para a elevação. A maioria dos contratos é reajustada pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), que, após beirar os 2%, em agosto teve deflação de 0,32% -a primeira baixa desde abril de 2006 (-0,42%).
O IPC mede a variação dos preços no município de São Paulo de famílias com renda entre 1 e 20 salários mínimos. No acumulado do ano, o aumento é de 4,66%, e, nos últimos 12 meses, de 6,35%.
Segundo Antônio Evaldo Comune, coordenador do IPC, o efeito do aumento da conta de luz deve desaparecer neste mês, mas passam a pesar telefonia e água. A projeção é fechar setembro com alta de 0,35% a 0,40%.
Comune destaca que o item alimentação não caía tanto desde junho de 2006 (-1,36%). As quedas com maior impacto no índice, aliás, fazem parte dessa categoria, como tomate (-29,86%), leite longa vida (-4,75%), feijão (-6,20%) e arroz (-2,76%).

Juros
Apesar da desaceleração registrada nos índices de inflação, Juarez Rizzieri, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, afirma que o Banco Central deve continuar a aumentar a taxa na reunião da próxima semana. "A sociedade já absorveu a idéia de juros mais altos."
A opinião é compartilhada por Gian Barbosa, economista da Tendências Consultoria, que ressalta a preocupação do BC com o efeito da elevação no próximo ano. "A política monetária tem pouco impacto no curto prazo."
O professor de finanças do Ibmec São Paulo Ricardo Humberto Rocha lembra ainda que a própria disparada da inflação corroeu o poder de compra da população e, por isso, as pessoas acabaram mudando hábitos para economizar, como almoçar em restaurantes mais baratos.
Rocha chama a atenção para os dissídios coletivos de categorias importantes previstos para os próximos meses, como a dos bancários, o que também pode influenciar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), já que parte da população terá aumento de renda.
Amanhã, será divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto. A expectativa do mercado é que o índice também seja inferior ao registrado em julho.
A prévia (IPCA-15) mostrou uma desaceleração para 0,35% em agosto, contra 0,63% em julho. O IPCA, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o índice usado como referência pelo Banco Central para acompanhar a meta de inflação.


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