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Alimentos recuam, e inflação em SP fecha agosto em 0,38%
Pressão maior no mês vem da habitação, com impacto do reajuste da energia
Queda no item alimentação, de 0,49%, é a maior desde
junho de 2006; tomate
(-29,86%) e feijão (-6,20%)
são destaques de baixa
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Com a queda nos preços dos
alimentos, que tiveram deflação de 0,49% em agosto, o IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) medido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) registrou alta de
0,38%, contra 0,45% no mês
anterior. A maior elevação foi
do item habitação (1,03%), variação que só não supera a de
agosto de 2004 (1,78%).
O maior impacto veio do reajuste da conta de energia elétrica, com aumento de 5,05%. Os
preços do aluguel (0,39%) também contribuíram para a elevação. A maioria dos contratos é
reajustada pelo IGP-M (Índice
Geral de Preços - Mercado),
que, após beirar os 2%, em
agosto teve deflação de 0,32%
-a primeira baixa desde abril
de 2006 (-0,42%).
O IPC mede a variação dos
preços no município de São
Paulo de famílias com renda
entre 1 e 20 salários mínimos.
No acumulado do ano, o aumento é de 4,66%, e, nos últimos 12 meses, de 6,35%.
Segundo Antônio Evaldo Comune, coordenador do IPC, o
efeito do aumento da conta de
luz deve desaparecer neste
mês, mas passam a pesar telefonia e água. A projeção é fechar setembro com alta de
0,35% a 0,40%.
Comune destaca que o item
alimentação não caía tanto desde junho de 2006 (-1,36%). As
quedas com maior impacto no
índice, aliás, fazem parte dessa
categoria, como tomate
(-29,86%), leite longa vida
(-4,75%), feijão (-6,20%) e arroz (-2,76%).
Juros
Apesar da desaceleração registrada nos índices de inflação,
Juarez Rizzieri, professor da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP, afirma que o Banco Central deve continuar a aumentar
a taxa na reunião da próxima
semana. "A sociedade já absorveu a idéia de juros mais altos."
A opinião é compartilhada
por Gian Barbosa, economista
da Tendências Consultoria,
que ressalta a preocupação do
BC com o efeito da elevação no
próximo ano. "A política monetária tem pouco impacto no
curto prazo."
O professor de finanças do
Ibmec São Paulo Ricardo
Humberto Rocha lembra ainda
que a própria disparada da inflação corroeu o poder de compra da população e, por isso, as
pessoas acabaram mudando
hábitos para economizar, como
almoçar em restaurantes mais
baratos.
Rocha chama a atenção para
os dissídios coletivos de categorias importantes previstos para
os próximos meses, como a dos
bancários, o que também pode
influenciar a decisão do Copom
(Comitê de Política Monetária), já que parte da população
terá aumento de renda.
Amanhã, será divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto. A expectativa do mercado é que o
índice também seja inferior ao
registrado em julho.
A prévia (IPCA-15) mostrou
uma desaceleração para 0,35%
em agosto, contra 0,63% em julho. O IPCA, medido pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o índice
usado como referência pelo
Banco Central para acompanhar a meta de inflação.
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