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Bolsa cai a menor patamar desde janeiro
Bovespa recua 3,5% e acumula perda de 13% neste ano; com grande peso no índice, commodities acentuam a queda
Petrobras e Vale puxam
as perdas; analistas recomendam cautela aos investidores em momentos de grande turbulência
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo começou a semana sob
forte impacto da depreciação
das commodities no mercado
internacional. O resultado foi
uma queda de 3,51%, o que arrastou a Bovespa para os
55.609 pontos, seu mais baixo
nível desde janeiro.
Nos dois primeiros pregões
de agosto, o tombo acumulado
alcança os 6,55%. No ano, as
perdas estão em 12,96%.
Com as ações da Vale e da Petrobras derretendo, a Bolsa se
distanciou do mercado internacional -que também teve
um dia ruim, mas menos intenso, com quedas de 0.37% em
Nova York e de 0,64% em Londres. Desde seu pico, em 20 de
maio, a Bovespa já recuou 24%.
Entre as ações mais negociadas, as da Vale se destacaram
ontem com desvalorizações de
7,20% (ordinárias) e 7,15%
(preferenciais "A"). Para os papéis da Petrobras, as quedas ficaram em 5,13% (ordinárias) e
4,69% (preferenciais).
"O cenário é bastante complicado, especialmente para as
commodities. Na semana passada, tivemos alertas para a diminuição do consumo na China. Tem muita gente realizando lucro ganho nos últimos meses", diz Kelly Trentin, da corretora SLW.
O barril de petróleo encerrou
em queda de 2,95%, a US$
121,41 em Nova York, cada vez
mais distante de seu recorde de
US$ 145 do mês passado. Outro
destaque de queda ontem foi o
cobre, que recuou para seu menor valor em seis meses.
A saída de capital externo da
Bovespa, que tem ocorrido de
forma expressiva desde junho,
tem punido consideravelmente
o mercado acionário local. No
mês passado, o balanço das
operações feitas pelos estrangeiros em pregão ficou negativo
em R$ 7,78 bilhões -pior resultado da história.
Como o desempenho do Ibovespa -que reúne os 66 papéis
brasileiros mais negociados-
está muito preso às oscilações
de ações de companhias ligadas
a commodities, o cenário atual
afeta com força a Bovespa. As
ações desses setores respondem por mais de 42% do índice
Ibovespa.
O desempenho das siderúrgicas também decepcionou ontem: as ações PNA (preferenciais "A") da Usiminas perderam 6,66%; as PN da Gerdau recuaram 5,24%; e as ON (ordinárias) da Companhia Siderúrgica Nacional caíram 5,05%.
Fausto Gouveia, analista da
corretora Alpes, afirma que a
correlação da Bovespa se mostra mais com o petróleo e as
commodities em geral do que
com o mercado americano.
"A gente está queimando a
gordura que tinha em relação
às Bolsas internacionais. Não
consigo ver no horizonte curto
um fator [que impulsione a recuperação dos mercados]. Não
vejo as commodities tendo força para subir devido à crise pela
qual os EUA passam. Primeiro,
tem de dar uma acalmada boa
lá fora e os EUA voltarem a
crescer, as commodities se recuperarem, para a gente ter
uma luz no fim do túnel", disse.
Hoje o mercado internacional pode trazer um ingrediente
extra de tensão à Bovespa. Apesar de a maioria do mercado esperar que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)
mantenha os juros básicos do
país em 2% anuais, a nota que a
autoridade monetária irá divulgar após sua reunião pode elevar as preocupações dos investidores, especialmente se sinalizar o aumento das taxas para
um futuro próximo.
O dia tenso afetou também o
real, que vinha ganhando valor
apesar da crise. O dólar fechou
as operações de ontem em alta
de 0,19%, vendido a R$ 1,562.
Mas, no ano, a depreciação da
moeda americana ainda é elevada, acumulada em 12,10%.
Para o pequeno investidor, a
recomendação geral dos analistas é não vender ações em momentos de grande turbulência,
principalmente quando ocorrem fortes baixas.
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