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Recuo de Petrobras e Vale arrasta outras ações
Para seguir regra de composição de carteira, fundo vende papéis de melhor desempenho
Além do recuo no valor das commodities, ação da Vale cai devido a possível aquisição; Petrobras reflete incertezas sobre nova estatal do pré-sal
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente desvalorização das
ações da Vale e da Petrobras está forçando os fundos de investimento em ações -especialmente os referenciados no Ibovespa, um dos mais populares-
a venderem também papéis de
outros setores que não têm nada a ver com a queda mundial
no preço das commodities e
que poderiam até ajudar a conter as perdas dos investidores
neste momento.
Isso porque, sozinhas, as
ações de Vale e Petrobras representam 33% do Ibovespa.
Como esses papéis "derreteram" mais rapidamente do que
o restante das ações, a proporção deles nos fundos também
desabou. Há informações de
que alguns fundos Ibovespa
chegaram a ter por volta de
28% de seus recursos nessas
ações. Como têm de refletir
exatamente o Ibovespa, esses
fundos são obrigados a vender
ações PN da Cemig, da Transmissão Paulista e da CPFL, que
ainda têm alta de 22,13%,
49,64% e 10,65%, respectivamente, no ano, para poder
comprar mais Vale e Petrobras.
Resultado: também derrubam o preço de ações com boas
perspectivas e não conseguem
recuperar o valor das duas mais
importantes empresas da Bolsa, que são prejudicadas pela
saída de estrangeiros. Ontem,
as ações ON da Vale recuaram
7,21%, e as da Petrobras, 5,13%;
em 30 dias, as perdas somam
20% e 23,7% respectivamente.
Nas últimas semanas, Vale e
Petrobras vêem suas ações derreterem na Bolsa por conta de
motivos globais: o consumo de
petróleo e minerais deve cair
com a desaceleração mundial.
Só que a isso se somam fatores internos, como o risco regulatório. A Vale poderá enfrentar um possível aumento nos
impostos de exploração de minerais. Já a Petrobras poderá
perder espaço na exploração,
caso o governo crie uma estatal
para administrar as reservas gigantes do pré-sal.
No caso da Vale, há um terceiro risco embutido: o de fazer
um mau negócio com aquisições. A empresa acaba de levantar US$ 11,5 bilhões no mercado, o que a impele a disputar
a compra de empresas de porte.
"O mercado brasileiro está
caindo muito mais por razões
específicas da Petrobras e da
Vale, que não refletem o restante da economia. Há dúvidas
de que a Vale possa ser bem-sucedida numa aquisição devido à
dificuldade na negociação.
Além da queda nas commodities, isso potencializa o risco da
Vale", disse Ricardo Almeida,
professor do Ibmec-SP.
Para Daniel Doll, economista
da Socopa, dificilmente a Bovespa voltará a subir se o preço
das commodities não se recuperar. "Esse foco em commodity, que fez a Bolsa subir, agora
está fazendo cair. Você vê lá fora as Bolsas no zero a zero o dia
inteiro, só que aqui a queda foi
bem pesada devido a essa concentração em commodity."
(TONI SCIARRETTA)
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