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Países emergentes têm previsão de crescimento rebaixada
DA REPORTAGEM LOCAL
No compasso da marcha lenta
da recuperação das economias
dos países do G7 (sete países mais
ricos) e das incertezas geradas pela guerra no Iraque, a média de
crescimento das economias dos
mercados emergentes deve atingir no máximo 4% neste ano.
As previsões de analistas ouvidos pela Folha estão bem abaixo
dos 5% previstos por algumas instituições financeiras no final do
ano passado.
"A economia mundial ainda está se recuperando dos impactos
do estouro da bolha das ações de
alta tecnologia, em 2000. A crise
de confiança desencadeada na
época somada às incertezas da
duração da guerra são prejudiciais principalmente para os países emergentes", avalia Yusuke
Horigushi, economista-chefe do
IIF (Instituto Internacional de Finanças).
O fardo mais pesado da contração do desempenho dos países
emergentes recai sobre os ombros
da economia americana. O motivo é simples. O crescimento da
economia americana representou
64% do aumento acumulado do
PIB (Produto Interno Bruto)
mundial entre 1995 e 2002, de
acordo com Stephen Roach.
A manutenção do dólar fraco
também pode inibir a tentativa de
crescimento, via exportação, empreendida por boa parte dos
emergentes.
"Embora ainda não haja uma
inflexão da curva de importações
dos Estados Unidos, os países
emergentes com economias muito abertas vão sofrer mais", afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Securities.
Impacto asiático
Os mercados emergentes asiáticos não estão perto de uma crise
como a de 1997, mas a sombra de
uma desaceleração econômica
continua a pairar.
No caso da Coréia do Sul, a queda do crescimento do consumo
interno- passou de uma taxa de
5,1% em 2002 para estimativa de
2,3% neste ano- é apontada como um dos principais motivos
para a redução da expectativa de
crescimento do PIB do país neste
ano. Aliado a isso, há a depreciação do dólar, que prejudica as exportações desses países.
"Essas economias têm um modelo dependente de exportações.
O PIB da Malásia, por exemplo, é
quase integralmente composto de
receitas de exportação. Com um
dólar fraco, as exportações para
os Estados Unidos declinam e afetam negativamente esses países",
afirma Todd Lee, diretor do Grupo de Economia Asiática da GlobalInsight.
A longo prazo, a manutenção
do dólar desvalorizado representa
um entrave ao crescimento dos
emergentes asiáticos, mas, pelo
menos a curto prazo, o aumento
de exportações para a China tem
funcionado como uma blindagem para esses países.
De acordo com o OEF, o volume
das importações chinesas cresceu
21% no ano passado. As exportações da Coréia do Sul para o país,
por exemplo, cresceram 30%.
Brasil
No Brasil, o impacto da desaceleração do G7 vai se refletir na retração dos investimentos diretos.
Estimativas do BES Securities
prevêem um fluxo de US$ 16 bilhões neste ano. Praticamente o
mesmo volume registrado em
2002. Um cenário de guerra prolongada, porém, pode reduzir esse prognóstico.
Com relação ao comércio exterior, o Brasil está mais protegido
dos impactos da contração americana. A fatia do comércio exterior
no PIB brasileiro, diferentemente
da dos países asiáticos, representa
no máximo 25%. Além disso, apesar de os EUA serem um importante parceiro, a intensificação
das relações comerciais com a
China pode ajudar a diminuir
uma eventual queda de importações dos EUA.
(CC)
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