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VAREJO
Rede americana diz que país está na lista de investimentos e que pretende manter preços até 7% inferiores aos da concorrência
Wal-Mart admite erros e faz planos no Brasil
ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A FAYETTEVILLE
Em 1995, quando chegou ao
Brasil, o Wal-Mart vendia equipamentos para esquiar e tacos de
beisebol. No Natal do ano seguinte, na tentativa de atrair consumidores, a empresa norte-americana teve de espalhar tendas pelos
estacionamentos, pois a quantidade de itens que queria desovar
não cabia nas lojas.
É tudo página virada, diz a companhia, que admite falhas iniciais.
O que a maior rede de comércio
varejista do mundo tenta fazer no
Brasil "é encontrar um caminho e
apagar erros cometidos", diz Alberto Serrentino, sócio-diretor da
Marcos Gouvea, consultoria especializada em varejo.
Em reunião anual realizada na
última semana em sua sede, no
Estado de Arkansas, a cadeia varejista admitiu falhas passadas,
disse estar de olho em novas aquisições no Brasil e afirmou que o
país está na lista de novos investimentos, ao lado de China, Índia,
México e Rússia. Para o Brasil, seu
diferencial para ganhar mercado
será focar ainda mais em preço, a
bandeira dos seus concorrentes
também. A rede pretende manter
os preços, no mínimo, 7% inferiores aos dos competidores.
Com faturamento mundial
anual de US$ 256 bilhões e acusada de concorrência predatória
nos EUA, a empresa tinha, até há
três meses, 26 lojas no Brasil. O
Pão de Açúcar, com US$ 4 bilhões
de receita, estava com 442, e o
Carrefour, multinacional francesa
concorrente mundial do Wal-Mart, tinha 329 pontos-de-venda.
Na sexta posição do ranking nacional de supermercados até março, a companhia pulou para o terceiro lugar ao comprar o Bompreço e passou a 144 pontos-de-venda. "A questão agora é ver se a arrancada acontece", diz Eugenio
Foganholo, sócio-diretor da Mixxer Consultoria.
"Há outras redes em situação
delicada, como a bandeira Big, e,
como a empresa percebeu que
crescer de forma orgânica [abrindo lojas] demora e dá trabalho,
pode haver novos negócios."
Ha ações que, discretamente, já
mostram mudanças no Bompreço. Assim como também há razões que colocam em xeque a possibilidade de uma expansão acelerada da rede.
Um dos pontos favoráveis para
a empresa está na estrutura de seu
negócio. Como, ao comprar a rede nordestina, o Wal-Mart aumentou o volume de lojas, a companhia vai negociar montantes
ainda maiores de mercadorias, o
que eleva o seu poder de barganha
com a indústria. Dessa forma, a
negociação fica mais fácil para a
empresa, que pode requisitar
maiores descontos.
Dentro da cadeia, mudanças
acontecem sem estardalhaço.
Fornecedores regionais do Bompreço já estiveram em contato
com a direção do Wal-Mart para
iniciar o processo de negociação
de venda de produtos. A Mais por
Menos, marca própria da rede
americana, vai entrar nas gôndolas do Bompreço e conviver com a
marca própria da cadeia nordestina. Além disso, o Wal-Mart vai
inaugurar até o final do ano mais
um Supercenter em Curitiba e,
neste momento, "caça" outros
terrenos para tentar reforçar o seu
processo de expansão orgânica.
De qualquer forma, independentemente do desempenho futuro da rede, é fato que atualmente há dois Wal-Marts em tamanho: aquele no formato norte-americano, com grande presença
no mercado e que tem em caixa
quase US$ 16 bilhões para gastos
operacionais (dividendos e investimentos em expansão); e o estabelecido no Brasil.
A jornalista Adriana Mattos
viajou a convite da Wal-Mart
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