São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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Lap Chan quer irmã no controle da VarigLog

Chan Lup Wai Ohira, de nacionalidade brasileira e que trabalha no mercado financeiro, diz que investirá US$ 800 mil e não será laranja

Anac ameaça cassar concessão da empresa caso ela continue sob controle de um fundo estrangeiro, o Matlin Patterson

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

Os advogados da empresa Volo do Brasil, que controla a VarigLog, devem protocolar amanhã, na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), pedido de autorização para a transferência de controle acionário da companhia. E apresentar a nova sócia da empresa: Chan Lup Wai Ohira, 53. Ela é irmã do chinês Lap Wai Chan, que representa o fundo americano Matlin Patterson, detentor hoje da maior parte das ações da VarigLog.
A Anac ameaça cassar a concessão da empresa por ela estar sob controle acionário de um fundo americano, o que contraria o Código Brasileiro de Aeronáutica -que limita a 20% a participação estrangeira. Há três meses, Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel, os três sócios brasileiros que até então detinham 80% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa, foram afastados por decisão judicial. Com isso, a VarigLog ficou em situação irregular.
Com a entrada de Chan Lup, o problema, acreditam os advogados, será contornado: embora tenha nascido em Guangzhou (Cantão), na China, ela foi naturalizada aos 12 anos e é cidadã brasileira. "E bem brasileira: tenho marido e filhos nascidos aqui", diz Chan Lup, irmã mais velha de Lap.
Há 40 anos, os dois se mudaram com os pais, de Hong Kong para São Paulo. Lap Chan não foi naturalizado porque, segundo ela, "foi estudar nos EUA".
Chan Lup diz estar investindo recursos próprios para comprar 51% das ações da empresa, que eram dos brasileiros. Vai desembolsar US$ 800 mil. Ela afirma que, para entrar na VarigLog, está deixando uma carreira de 31 anos no mercado financeiro -e um emprego no BNB Paribas, onde trabalha há 11 anos, 6 deles como ""head" da área de recursos humanos". Formada em administração de empresas pela PUC-SP e em direito pela Unip, ela informa no currículo que já trabalhou em bancos como Comind, ING Barings e Icatu.
Os outros 29% das ações dos brasileiros, informa a assessoria da VarigLog, serão adquiridos por Peter Miller, executivo de finanças que mora em Nova York e tem dupla cidadania -americana e brasileira.
A VarigLog voltou ao centro do noticiário há um mês, quando a ex-diretora da Anac Denise Abreu deu entrevistas afirmando que a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, pressionara a agência para não investigar a origem do capital dos brasileiros que estavam comprando a empresa em sociedade com Lap Chan, que representava o fundo Matlin Patterson. Suspeitava-se de que eles não tinham recursos próprios para investir no negócio, atuando como laranjas de Lap Chan.
Chan Lup nega ser laranja do irmão e diz ter como provar que está tirando dinheiro do próprio bolso para colocar no negócio. "Estou entrando na VarigLog porque gosto de desafios."


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