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Varig provoca impacto negativo de US$ 318 milhões para a Gol
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A compra da Varig teve um
impacto negativo para a Gol de
ao menos R$ 318 milhões, de
acordo com cálculos de analistas. O valor representa a soma
do efeito negativo da Varig sobre o lucro líquido da companhia nos balanços publicados
dos dois últimos trimestres, de
acordo com o padrão contábil
norte-americano.
Somente a partir do quarto
trimestre do ano passado a Gol
passou a apresentar o impacto
da Varig em separado nos seus
resultados. Foram também
dois períodos seguidos de prejuízo para a empresa de baixo
custo e baixa tarifa. Na última
teleconferência de resultados,
o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou
que a empresa investiu cerca de
R$ 1 bilhão, entre a aquisição e
os investimentos.
Segundo o vice-presidente de
Marketing e Serviços da Gol,
Tarcísio Gargioni, o principal
fator a influenciar o desempenho foi o aumento do preço do
barril de petróleo. "Jamais
imaginávamos há cerca de um
ano que o preço do petróleo
fosse chegar a US$ 150", disse.
A escalada do preço do petróleo foi um dos fatores decisivos
para que a Gol mudasse o foco
na aquisição da Varig. Quando
ela foi comprada, em março do
ano passado, por US$ 320 milhões, a leitura do mercado era
que a Varig seria usada para rotas de longo curso, especialmente para a Europa e os EUA.
Em abril deste ano, a Varig
anunciou a suspensão das linhas intercontinentais.
"Poderíamos ter mantido o
foco nos vôos de longo curso,
mas o preço do petróleo inviabilizou a operação com o
Boeing-767", afirmou Gargioni.
A empresa ainda faz vôos para
Paris, mas a partir de setembro
estará totalmente concentrada
em rotas no mercado doméstico e para a América do Sul.
O principal prejuízo, segundo André Castellini, da consultoria Bain & Company, foi o
econômico, mas não o único.
"A operação já estava mais
deteriorada do que pensavam e
a economia não ajudou, em termos de preço do petróleo. A Varig absorveu caixa da Gol, gerou
perdas e voou com aviões bem
mais vazios do que o imaginado. Mas a recente exposição na
mídia também não é algo que
tenha agradado à Gol, apesar de
não lhe dizer respeito diretamente", disse o consultor, se
referindo às acusações da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise
Abreu sobre a venda da Varig
para a VarigLog em 2006.
Para Caio Dias, analista do
Santander, o principal problema da Varig foi a utilização de
aeronaves velhas nos vôos de
longo curso. "A companhia
queria disputar mercado com a
TAM, em busca do passageiro
que valoriza a maior qualidade
do serviço, mas começou com
aviões velhos. Não havia avião
disponível no mercado e a aeronave faz toda a diferença na
percepção de qualidade de serviço", disse o analista.
Ele estima que a Varig só
atingirá o "break even" (ponto
de equilíbrio entre receitas e
despesas) no final do ano.
Após registrar taxas de ocupação de até 52% no mercado
doméstico em julho do ano passado, a Varig registrou em maio
deste ano uma taxa de 70%, de
acordo com dados da Anac .
A escalada do preço do petróleo fez com que a Gol revisasse
as operações e procurasse novas formas de economia. Segundo Gargioni, a alta de preços elevou a necessidade de
buscar aumento de eficiência
nas operações.
A principal medida é a troca
até o fim do ano de toda a frota
de Boeings-737/300 por
Boeings-737/700 e 737/800
Next Generation, que consomem menos combustível. Na
Varig, a padronização deve ser
concluída até o fim do ano com
a saída dos Boeings-767, usados
nas rotas de longo curso.
Outra medida de economia
na ponta do lápis foi a redução
da velocidade das aeronaves de
5 km/h a 6 km/h, o que diminui
o gasto com combustível.
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