|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Câmbio faz Volks apostar no Beetle
Dólar desvalorizado impulsiona as vendas no Brasil; preço em real cai pela metade desde o lançamento do modelo
Aumento da produção no México permite importação
de volumes maiores; modelo
é o que tem maior taxa de
crescimento da Volks no país
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com preço mais acessível e
maiores volumes de produção
no México -país onde é fabricado-, o New Beetle virou a
aposta da Volkswagen para ganhar escala comercial e deixar
de ser apenas um carro de nicho no mercado brasileiro.
Pela primeira vez, a Volks decidiu anunciar o New Beetle na
televisão, com uma grande
campanha veiculada desde o
dia 10 do mês passado em canais abertos e na TV por assinatura, por entender que este é o
momento certo para tentar popularizar o modelo.
Em razão da depreciação do
dólar, o valor do Beetle, em
reais, caiu pela metade e hoje
sai a partir de R$ 58.080, mesma faixa do Honda Civic, do
Chevrolet Vectra e do Peugeot
307, por exemplo. Ao mesmo
tempo, o aumento na capacidade produtiva da fábrica de Puebla, no México, permite importações mais volumosas.
Como resultado da combinação, o New Beetle é hoje o modelo da Volks que apresenta,
em termos percentuais, a
maior taxa de crescimento no
país, segundo o gerente de Planejamento de Vendas da montadora, Fabrício Biondo.
Entre janeiro e julho deste
ano, foram vendidas 2.772 unidades, contra 1.282 nos sete
primeiros meses do ano passado, um acréscimo de 116%, conforme dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
A previsão da Volkswagen é que
sejam vendidos 5.500 carros
até o fim deste ano.
"Nos primeiros oito anos
após o lançamento [em 1998], o
New Beetle era um carro de nicho, em razão do preço. Mas o
dólar teve uma desvalorização
de 50% nos últimos anos, o que
permitiu o seu barateamento.
Esse era um modelo que saía
por mais de R$ 100 mil", afirmou Biondo.
Agora, com o novo patamar
de preço, a Volks vê a possibilidade de que o New Beetle, que
já teve vendas muito limitadas
-em 2005, por exemplo, foram
emplacadas 15 unidades-, consiga ser visto com mais freqüência nas ruas.
Para José Onofre de Araújo
Neto, vice-presidente do portal
Webmotors, especializado no
setor automotivo, o Beetle tem
potencial de venda, desde que o
ciclo de apreciação cambial não
seja invertido em um horizonte
de longo prazo.
"A questão cambial é determinante. Se houver uma flutuação para cima [no dólar], o
carro perderá muito na relação
custo-benefício", afirma.
Ícone
Baseado no design do Fusca,
ícone da Volkswagen, o New
Beetle tem a seu favor o interesse e a curiosidade que despertam no consumidor, afirma
o gerente de Planejamento de
Vendas da montadora.
"Até hoje me perguntam se o
carro tem motor atrás [ele é
dianteiro]", afirma. "O New
Beetle é importante para a nossa marca porque revive um ícone no mercado [o Fusca] e agrega tecnologia de ponta."
De acordo com Araújo Neto,
do Webmotors, o New Beetle
não tem competidor direto. "É
um carro de motor 2.0, com cara esportiva e design diferenciado. Não vejo concorrência
direta nesse segmento."
México
Além da apreciação cambial,
outro fator de barateamento do
New Beetle é o acordo automotivo firmado com o México em
2002. No primeiro momento,
houve uma redução de 8% para
1,1% na alíquota do Imposto de
Importação. E, já no ano seguinte, a tarifa foi zerada.
"Com isso, os carros mexicanos começaram a chegar ao
mercado brasileiro com preços
mais acessíveis", disse Onofre.
Texto Anterior: Gol vai vender passagem porta a porta Próximo Texto: Construtoras e indústria de eletrodomésticos fazem parcerias Índice
|