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Exportação de luxo ganha velocidade
Estudo mostra que venda de grifes para o exterior cresceu 71,4% nos últimos dois anos, ante 47,5% do total de exportações
Maior parte dos artigos de
luxo nacionais é vendida
para os EUA, mas empresas
brasileiras começam a
investir no mercado chinês
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As exportações de artigos de
luxo nacionais estão crescendo
em um ritmo mais acelerado
que o das mercadorias em geral. Levantamento feito pela
Apex-Brasil (Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e
Investimentos) revela que as
vendas de produtos premium
cresceram 71,4%, contra 47,5%
de expansão das exportações
totais, entre o primeiro semestre de 2006 e o mesmo período
deste ano.
Em valores, as vendas externas de luxo passaram de US$
210 milhões para US$ 360 milhões, enquanto as exportações
totais saíram de US$ 61 bilhões
para US$ 90 bilhões. A expectativa da Apex é que, até 2012, o
setor de luxo passe a representar 7% das vendas da agência.
Hoje, ele participa com 3%.
"Estamos começando a divulgação das grifes nacionais
no exterior", disse Marco Aurélio Lobo Junior, gerente da
Apex-Brasil, agência do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "E
acreditamos que elas abrirão
caminhos para outros setores."
Parte da estratégia do governo é não se referir às marcas
nacionais como grifes de luxo.
"Lá fora, essa palavra é imediatamente associada pelos consumidores às marcas tradicionais européias", afirmou Lobo.
"Por isso apresentamos as brasileiras como fabricantes de
marcas premium."
Com ele concordam as diversas grifes de moda, acessórios,
móveis, cosméticos, calçados,
produtos e serviços de sete setores que já possuem projetos
em andamento com a Apex. Para participar, é preciso apresentar um projeto de exportação de, no mínimo, dois anos de
duração. O governo participa
com 50% dos investimentos
para a promoção da marca no
exterior, e o setor banca a outra
metade. A parceria também
prevê metas de vendas.
Até o momento, os investimentos somaram R$ 233 milhões. "O retorno é maior que o
da média de mercado", diz Oskar Metsavaht, fundador da Osklen. A grife já possui 11 lojas no
exterior, além de outros pontos-de-venda e demonstração.
Apesar de só 5% das vendas
da Osklen serem destinadas ao
exterior, ela já compete com
grifes consagradas. Na semana
passada, os advogados da empresa conseguiram, na Justiça
dos EUA, obrigar o grupo Armani a retirar um certo modelo
de vestido de suas lojas porque
copiava uma das estampas da
Osklen. "Isso é ruim, mas acaba
promovendo a marca."
Segundo Metsavaht, um grupo de japoneses solicitou há
dois meses o licenciamento dos
tênis da Osklen para serem
produzidos no país asiático.
"Começamos a exportar a nossa tecnologia."
"Esse é o objetivo do governo
com o programa de exportações de luxo", disse Carlos Ferreirinha, diretor-presidente da
MCF, consultoria especializada nos negócios de luxo e que
orientou a Apex no projeto. Ele
diz que, na década de 70, a Itália
implementou um projeto parecido e, hoje, o país é conhecido
por sua excelência em artigos
de luxo, de calçados a carros.
"Estou nesse segmento há
anos e nunca houve tanta abertura em um governo para construirmos um projeto desse porte ligado ao setor de luxo", afirmou Ferreirinha.
Negócios da China
A maior parte dos artigos de
luxo nacionais é vendida para
os EUA. Mas boa parte das empresas está seguindo o rastro
das grifes internacionais, que,
mesmo sem garantias de sucesso, investem em lojas na China.
Interessada em um mercado
de 391 mil milionários e 370
milhões de mulheres economicamente ativas, a Arezzo decidiu investir na China. Segundo
Mário Goldberg, diretor de expansão do grupo, foram abertas
quatro lojas desde junho. "Serão 207 unidades até 2012",
afirmou. "Não vamos competir
com grifes tradicionais, mas
queremos nos firmar com produtos de alta qualidade."
Ferreirinha disse que, a
exemplo da Arezzo, diversas
marcas estão criando unidades
premium destinadas à exportação. A CVC, que antes só vendia
pacotes turísticos para as classes média e de baixa renda,
criou uma divisão especial só
para atender os mais abastados.
O Boticário também investe
em uma linha de produtos sofisticados. Segundo a empresa,
as flores usadas na fabricação
dos perfumes dessa linha são
colhidas em um dia e chegam
no mesmo dia à fábrica, acondicionadas em caminhões frigorificados para que preservem o
frescor de sua fragrância.
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