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REALIDADE INFORMAL
Vendedora ganha R$ 200 em loja e acumula mais dois empregos
Sem registro, balconista recebe menos da metade do piso em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
"Só trabalho aqui porque preciso muito do emprego", diz Fabiana Aparecida dos Santos, 24,
vendedora de uma loja de roupa
infantil instalada numa das ruas
comerciais mais conhecidas de
São Paulo, a José Paulino.
Há quatro meses na função,
ela não tem registro em carteira
e recebe R$ 200 por mês, menos
que o salário mínimo (R$ 240) e
menos da metade do piso de
balconista -cerca de R$ 490.
O caso de Santos é um exemplo de trabalho informal. Para
sustentar os três filhos, ela tem
mais dois empregos. Faz faxina
em uma loja de automóveis às
terças-feiras e às quintas-feiras.
Aos sábados, trabalha em uma
casa de família.
"Com esses três empregos dá
para tirar R$ 600 por mês. Não
gosto disso, preferiria um emprego com carteira assinada."
A poucos metros, em uma loja
especializada em jeans, quem se
queixa é Lúcia de Fátima, 47,
que trabalha há quase dois anos
como vendedora sem registro.
Fátima recebe R$ 400 por mês,
sem direito a comissão.
"O dono da confecção diz que
a firma não é registrada e, por isso, também não pode empregar
com carteira assinada."
As duas vendedoras não tiveram receio de falar com a reportagem e também não se incomodaram em ser fotografadas.
Priscila Josué, 19, recebe um
salário mínimo para trabalhar
como vendedora numa loja de
lingerie do cunhado. Também
não é registrada. "O meu marido me ajuda aqui e não ganha
nada", afirma.
Empresa pequena
S.G.S., 22, que prefere não se
identificar, tenta há três anos
obter registro em carteira como
vendedora de uma confecção.
"O dono diz que a empresa é
muito pequena e por isso não
tem condição de arcar com o
custo da minha contratação."
S.G.S. diz não conseguir outro
emprego porque as empresas
exigem tempo de experiência
registrado em carteira.
"Tento regularizar minha situação há muito tempo. O pior é
que a fiscalização não passa por
aqui", afirma.
"Está tão normal descumprir
a lei hoje no país que os próprios
órgãos do governo divulgam a
taxa de ilegalidade, como o emprego informal", afirma Luis
Carlos Moro, advogado especializado em direito do trabalho.
Segundo ele, a informalidade
no trabalho existe porque a fiscalização é pífia. "O pior é que a
informalidade não existe só no
emprego doméstico. Está também nas grandes empresas e
bancos."
(FF)
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