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Cresce a apreensão na fábrica da Nestlé em SP
MAURÍCIO EIRÓS
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Os 950 funcionários da fábrica
da Nestlé em Caçapava (a 112 km
de São Paulo) vivem hoje um sentimento de insegurança parecido
com o dos 3.000 empregados da
sede da Garoto, em Vila Velha
(Espírito Santo). A empresa é a
maior empregadora da cidade.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Taubaté, Caçapava e Pindamonhangaba, Adílson Alvarenga, 48, a
Nestlé vem cortando postos de
trabalho na cidade desde 1996.
Naquele ano, a unidade empregava cerca de 2.400 pessoas.
"No início deste ano, a Nestlé
demitiu cerca de cem funcionários alegando corte de gastos. Isso
trouxe apreensão aos empregados, agora agravada com a notícia
de que a compra da Garoto deve
ser desfeita", disse o sindicalista,
lembrando que, em 2002, não
ocorreram demissões.
No entanto nem sempre foi assim. Esse mesmo sentimento de
medo e apreensão vivido atualmente, relacionado ao receio de
demissões, já havia sido experimentado pelos funcionários da
fábrica em Caçapava em fevereiro
de 2002, quando foi anunciada a
aquisição da Garoto.
De acordo com o sindicato, na
época os funcionários se dividiram em relação ao futuro.
Uma parte apostava que a compra da Garoto era boa para a Nestlé e poderia incrementar a fábrica
do Vale do Paraíba. Outros acreditavam que a redução da produção em Caçapava estava ligada à
aquisição da fábrica no Espírito
Santo, que atraiu as atenções da
empresa. Por esse raciocínio, a
decisão do Cade poderia ser benéfica à unidade paulista.
"Não queremos que a empresa
perca o investimento [na Garoto],
mas, depois da compra [em
2002], houve quebra na produção", afirmou o sindicalista.
Alvarenga disse que muitas linhas de produção estão paradas e
que há 150 funcionários excedentes na unidade de Caçapava.
Procurada pela reportagem, a
Nestlé não se pronunciou a respeito do assunto.
Origem
A Nestlé se instalou em 1971 em
Caçapava, cidade de pouco mais
de 76 mil habitantes, de acordo
com o Censo de 2000, onde 11.874
pessoas ocupam postos de trabalho assalariados. Nessa unidade, a
multinacional produz a caixa de
bombons "Especialidades".
Segundo o prefeito de Caçapava, Francisco Adílson Natali
(PMDB), 64, a empresa tem isenção parcial de impostos e, por essa
razão, possui uma participação
pouco significativa na arrecadação da cidade.
A contribuição, para o prefeito,
é feita por meio da geração de empregos e de renda.
Famílias
Alguns funcionários da unidade
de Caçapava têm suas histórias de
vida diretamente ligadas à Nestlé,
como é o caso da família Freitas.
A empresa foi o primeiro emprego de Cláudio Telles de Freitas,
53, hoje aposentado. Na Nestlé,
conheceu a mulher, Cleide, 43,
que trabalhava na mesma seção
de mecânica que ele.
Hoje, o filho do casal, Anderson,
24, exerce na fábrica a mesma
função que foi de seu pai.
"Trabalhei 28 anos, fiz grandes
amigos, conheci minha mulher e
deixei uma raiz lá dentro, que é o
meu filho, apesar dos problemas
que existem na empresa", diz
Cláudio Freitas.
Para eles, o clima atual na fábrica é de pressão e há menos união
do que no passado.
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