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EMERGENTES
Bancos que negociam títulos da dívida externa do país dizem que há espaço para alta, apesar da recente turbulência
Recomendação de papel brasileiro é mantida
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Depois de duas semanas de alta
no risco Brasil e de queda nas cotações dos títulos da dívida externa do país, os responsáveis pela
negociação desses papéis exibem
otimismo.
"Nós permanecemos com uma
visão positiva dos títulos soberanos brasileiros. Nós acreditamos
que a combinação da melhoria
dos fundamentos econômicos
com o aumento das reservas internacionais vai inverter essa
pressão desordenada [vista nos
últimos dias] de venda desses papéis", disse à Folha Mohamed El-Erian, analista de mercados emergentes da Pimco (Pacific Investment Management Company).
O parecer da empresa tem peso
no mercado. A Pimco é considerada a maior gerenciadora de investimentos em títulos da dívida
soberana do mundo, com uma
carteira de US$ 370 bilhões.
O ABN Amro também continua
a manter a recomendação "overweight" (acima da média do mercado) para os títulos brasileiros.
Em comunicado distribuído para os seus clientes na semana passada, o banco afirma que a "exuberância irracional" que tomou
conta do mercado da dívida de
emergentes acabou, mas que ainda não é a hora de diminuir as posições nesses países. Por exuberância, entenda-se a diminuição
expressiva do risco-país dos
emergentes proporcionada pelo
grande afluxo de investidores.
Sobre o Brasil, o banco diz que a
situação da economia do país é
"reconfortante". "Estamos otimistas e acreditamos que a taxa
básica de juros vá ter trajetória
descendente, que o "spread" bancário vá sofrer pressão de queda e
que a criação de crédito vá contribuir para a recuperação da economia", diz o documento.
Em linhas gerais, a visão do
banco é a de que, mesmo com
uma eventual alta da taxa básica
de juros do Fed (banco central
dos EUA), o mercado emergente
está mais blindado e pode se recuperar mais rapidamente do que
em crises anteriores.
O banco de investimento Barclay Capital também adota a recomendação "overweight" para os
papéis brasileiros. Mas Gustavo
Rangel, estrategista para mercados emergentes do banco, faz
uma ressalva. Ele diz que o resultado da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) vai ser crucial para a manutenção da atual avaliação do banco. Outro ponto que pode comprometer a visão sobre o Brasil é a
dinâmica da relação dívida/PIB
(Produto Interno Bruto). "Se o
crescimento não for tão bom
quanto o esperado, nos preocupamos em saber se o Brasil vai
conseguir manter um déficit nominal baixo", disse.
No coro dos otimistas também
está o Citibank. O banco atribui
"overweight" para os papéis da
dívida brasileira. "Os emergentes
continuam atraentes. Houve uma
mudança de sentimento no mercado por causa da nova linguagem do Fed. Mas não houve mudanças nos fundamentos dessas
economias", afirmou Carlos Kawall, analista do banco.
Na contramão desse entusiasmo está Enrique Alvarez, da IdeaGlobal. A corretora rebaixou na
semana passada a recomendação
de compra dos títulos brasileiros
de "overweight" para neutro. Os
clientes da empresa são aconselhados a não comprar papéis de
longo prazo. "O cenário agora está mais complicado do lado político e econômico. O BC vai esperar
um tempo antes de decidir a respeito de qualquer alteração na taxa básica de juros. Nós também
vamos esperar para ver", disse.
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