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TRABALHO EM XEQUE
Recursos para qualificar e recolocar os trabalhadores caem 40%, para R$ 150 milhões neste ano
Governo corta verba de centrais sindicais
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A reforma sindical defendida
pelo governo Lula vai começar
com um aperto no caixa das centrais sindicais. O Ministério do
Trabalho decidiu cortar 40%
-de R$ 252 milhões, em 2002,
para R$ 150 milhões neste ano-
dos recursos do FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador) repassados para Estados e centrais para
qualificar e recolocar o trabalhador no mercado. Para as centrais,
a redução vai chegar a 80%.
O maior corte de recursos será
feito no Planfor (Plano Nacional
de Qualificação do Trabalhador),
de R$ 135 milhões, em 2002, para
R$ 60 milhões neste ano. As centrais sindicais, que ficaram com
R$ 57 milhões do total de recursos
no ano passado, vão receber no
máximo R$ 11,5 milhões neste
ano -isto é, 80% menos.
No Plansine (Plano Nacional do
Sistema Nacional de Emprego),
os recursos cairão de R$ 117 milhões, em 2002, para R$ 90 milhões neste ano. As centrais, que
ficaram com R$ 31,7 milhões, em
2002, vão receber entre R$ 21 milhões e R$ 22 milhões em 2003
-cerca de 30% a menos. Secretarias do Trabalho e centrais utilizam o dinheiro desse programa
para recolocar o trabalhador no
mercado e habilitá-lo para receber o seguro-desemprego.
A Força Sindical será a central
mais afetada pelo corte do Plansine. No ano passado, ela recebeu
sozinha R$ 17,1 milhões ou 54%
dos recursos disponíveis desse
programa para todas as centrais.
A idéia do Ministério do Trabalho, a partir deste ano, é tornar
equânime a distribuição dos recursos desses dois programas.
Em 2002, a CUT (Central Única
dos Trabalhadores) recebeu do
Plansine R$ 6,5 milhões; a CGT
(Confederação Geral dos Trabalhadores), R$ 3,4 milhões e a SDS
(Social Democracia Sindical), R$
2,2 milhões. Outros R$ 2,5 milhões foram destinados para outras instituições.
A Força Sindical foi a central
mais afinada com o governo Fernando Henrique Cardoso. Defendeu abertamente o "maior acordo
do mundo" para pagamento das
perdas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço),
além de apoiar a proposta de flexibilização da CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho).
A situação da central muda agora com o governo petista. A Folha
apurou que não só a Força Sindical mas também as outras centrais vão ter de "rebolar" para receber recursos do FAT.
A decisão de reduzir as verbas
também está relacionada aos recentes cortes no Orçamento
anunciados pelo novo governo.
Mas a mudança na distribuição
de recursos do FAT foi motivada
principalmente pela suspeita de
desvio de dinheiro público. Isso
está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União e pela
Controladoria Geral da União.
Além de cortar o dinheiro -entre os dois planos, as centrais vão
receber R$ 33,5 milhões-, o Ministério do Trabalho quer ser informado com detalhes do uso do
dinheiro na qualificação profissional e na geração de emprego.
"Esses programas serão reformulados e muito mais controlados pelo governo", afirma Remígio Todeschini, secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho. Até o próximo dia 20, o ministério quer reunir um grupo -formado por empresários, centrais e governo-
para começar a discutir novos
modelos desses programas.
No entendimento do governo
Lula, as centrais sindicais e as secretarias estaduais de Trabalho
devem se unir para atender o trabalhador -seja para qualificá-lo,
seja para recolocá-lo no mercado.
Atualmente, as secretarias do Trabalho dispõem de 1.097 postos de
atendimento. As centrais, 21.
O governo petista ficou surpreso ao tomar conhecimento de alguns dados disponíveis no Ministério do Trabalho. Por exemplo:
mesmo com apenas 21 postos, as
centrais receberam R$ 31,7 milhões de recursos do Plansine em
2002 ou cerca de R$ 1,5 milhão
por posto. As secretarias estaduais, que obtiveram R$ 84,7 milhões em 2002, receberam, porém, R$ 77,2 mil por posto.
O combate à corrupção no uso
de dinheiro do FAT, diz, será "dez
vezes mais rígido" do que foi no
passado. O governo Lula, segundo o secretário, quer tentar trocar
o "pneu do carro com ele andando". Isto é, vai tentar reformatar
os programas sem suspender totalmente a liberação de recursos.
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