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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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Demanda cresce lá fora, preço do aço reage e indústria sai do sufoco

DA REPORTAGEM LOCAL

A CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) é um caso exemplar do impacto que o câmbio e a recuperação dos preços internacionais tiveram no setor siderúrgico. Ela produz placas de aço -produto base dos aços planos- e exporta 100% da produção. No ano passado, a empresa aumentou em 44% sua receita líquida e obteve R$ 137 milhões de lucro, revertendo o prejuízo do ano anterior.
Para este ano, a projeção da analista Katia Brollo, do Unibanco, é que a CST atinja R$ 3,68 bilhões de receitas e um lucro de R$ 552 milhões. A explicação para tais projeções é, mais uma vez, o preço internacional e o câmbio.
A analista trabalha com um dólar médio para este ano de R$ 3,50 e um preço médio de US$ 218 por tonelada, para as placas de aço plano no mercado internacional. No ano passado, os preços médios do produto giraram em torno de US$ 191 por tonelada. "O setor vai trabalhar com preços altos o ano todo", diz Brollo.
Também a Cosipa deverá se beneficiar dos ganhos com exportações. As vendas no exterior deverão chegar a 1,6 milhão de toneladas neste ano, gerando US$ 377 milhões em receitas.
No ano passado a Cosipa quadruplicou suas vendas externas, destinando 40% da produção ao mercado internacional. Com isso, seus resultados de 2002, ainda não divulgados, poderão surpreender.

Preços
Segundo os analistas, os preços no mercado interno deverão espelhar os valores praticados lá fora. Ou seja, apesar da chiadeira de setores industriais consumidores de aço, não se espera recuo. "As empresas brasileiras cobram aqui dentro o preço internacional, mais custos de internação, e dão um pequeno desconto", diz Rony Stefano, gerente de investimentos da BBV corretora.
Stefano diz que ocorre com a siderurgia o mesmo fenômeno que com o açúcar: se os preços lá fora estão em alta, o mercado interno acompanha. "Do contrário, os fabricantes vão vender sua produção no exterior", diz ele.
No mês passado, dez entidades representativas de setores industriais consumidores de aços enviaram documento ao governo reclamando dos "preços abusivos" praticados pelas siderúrgicas. Segundo as entidades - entre elas a Anfavea (automóveis) Abimaq (máquinas) e Abinee (eletroeletrônicos) os aços planos subiram 63% e os não planos 51% no ano passado.
O analista do BBV, Stefano, diz que os preços locais dos aços planos estão hoje entre 5% e 10% acima do mercado internacional. O setor estaria recompondo margem. "Os preços locais ficaram defasados quando os preços internacionais começaram a reagir no ano passado", diz ele.
No segmento de aços longos -destinados à construção civil- não há uma correlação entre preços internos e externos.
Mas os fabricantes de aços longos também se deram bem em 2002. "Eles têm uma clientela pulverizada e conseguem diluir o repasse dos aumentos de custos ao longo do ano", diz Brollo. A Gerdau, por exemplo, registrou um lucro de R$ 821 milhões no balanço do ano passado e uma receita líquida de R$ 9,161 bilhões. (SB)


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