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Demanda cresce lá fora, preço do aço reage e indústria sai do sufoco
DA REPORTAGEM LOCAL
A CST (Companhia Siderúrgica
de Tubarão) é um caso exemplar
do impacto que o câmbio e a recuperação dos preços internacionais
tiveram no setor siderúrgico. Ela
produz placas de aço -produto
base dos aços planos- e exporta
100% da produção. No ano passado, a empresa aumentou em 44%
sua receita líquida e obteve R$ 137
milhões de lucro, revertendo o
prejuízo do ano anterior.
Para este ano, a projeção da analista Katia Brollo, do Unibanco, é
que a CST atinja R$ 3,68 bilhões
de receitas e um lucro de R$ 552
milhões. A explicação para tais
projeções é, mais uma vez, o preço internacional e o câmbio.
A analista trabalha com um dólar médio para este ano de R$ 3,50
e um preço médio de US$ 218 por
tonelada, para as placas de aço
plano no mercado internacional.
No ano passado, os preços médios do produto giraram em torno de US$ 191 por tonelada. "O setor vai trabalhar com preços altos
o ano todo", diz Brollo.
Também a Cosipa deverá se beneficiar dos ganhos com exportações. As vendas no exterior deverão chegar a 1,6 milhão de toneladas neste ano, gerando US$ 377
milhões em receitas.
No ano passado a Cosipa quadruplicou suas vendas externas,
destinando 40% da produção ao
mercado internacional. Com isso,
seus resultados de 2002, ainda não
divulgados, poderão surpreender.
Preços
Segundo os analistas, os preços
no mercado interno deverão espelhar os valores praticados lá fora. Ou seja, apesar da chiadeira de
setores industriais consumidores
de aço, não se espera recuo. "As
empresas brasileiras cobram aqui
dentro o preço internacional,
mais custos de internação, e dão
um pequeno desconto", diz Rony
Stefano, gerente de investimentos
da BBV corretora.
Stefano diz que ocorre com a siderurgia o mesmo fenômeno que
com o açúcar: se os preços lá fora
estão em alta, o mercado interno
acompanha. "Do contrário, os fabricantes vão vender sua produção no exterior", diz ele.
No mês passado, dez entidades
representativas de setores industriais consumidores de aços enviaram documento ao governo
reclamando dos "preços abusivos" praticados pelas siderúrgicas. Segundo as entidades - entre elas a Anfavea (automóveis)
Abimaq (máquinas) e Abinee
(eletroeletrônicos) os aços planos
subiram 63% e os não planos 51%
no ano passado.
O analista do BBV, Stefano, diz
que os preços locais dos aços planos estão hoje entre 5% e 10% acima do mercado internacional. O
setor estaria recompondo margem. "Os preços locais ficaram
defasados quando os preços internacionais começaram a reagir
no ano passado", diz ele.
No segmento de aços longos
-destinados à construção civil- não há uma correlação entre
preços internos e externos.
Mas os fabricantes de aços longos também se deram bem em
2002. "Eles têm uma clientela pulverizada e conseguem diluir o repasse dos aumentos de custos ao
longo do ano", diz Brollo. A Gerdau, por exemplo, registrou um
lucro de R$ 821 milhões no balanço do ano passado e uma receita
líquida de R$ 9,161 bilhões.
(SB)
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