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Moeda volta a R$ 1,60 e mercado discute reversão de tendência
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar comercial subiu e
rompeu o teto de R$ 1,60, reacendendo as discussões sobre
uma possível mudança na tendência da taxa de câmbio brasileira, que, até duas semanas
atrás, parecia destinada a rumar abaixo de R$ 1,50. Ontem,
a moeda americana subiu
1,07% e encerrou o dia negociada a R$ 1,609, maior cotação
desde 10 de julho. Apenas nesta
semana, o dólar subiu 3,21%.
Com juro de 13% ao ano no
país, a única possibilidade de
reversão da taxa de câmbio vista há duas semanas seria uma
forte queda no preço das commodities. E foi o que aconteceu
nesta semana, quando o petróleo derreteu quase 8% e voltou
a US$ 115,2 em Nova York.
Segundo Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, os grandes fundos de investimento estrangeiros que apostavam pesado na valorização das commodities trocaram de lado nesta semana e passaram a comprar dólares americanos, que
perdiam espaço diante de outras moedas. A mudança segue
duas perspectivas que ficaram
mais evidentes: o mundo -e a
demanda por commodities-
crescerá menos e os Bancos
Centrais Europeu, do Reino
Unido e do Japão não deverão
elevar seus juros, o que incentiva o investimento nos EUA.
No Brasil, os investidores
continuaram se desfazendo de
suas "posições vendidas" [que
apostam na queda do dólar] na
BM&F, que passaram de US$
8,5 bilhões no final de julho para menos de US$ 2 bilhões no
início deste mês. A expectativa
é que os "vendidos" tenham zerado essa aposta. "Mas não se
espera que agora eles passem a
atuar na posição comprada
[aposta na alta]. Com esse juro,
não há perspectiva de que se
afaste de forma sustentável de
R$ 1,60", disse Nehme.
"Acendeu uma luz amarela
no mercado. Foi um dia estressante, que fez com que as empresas operassem com mais
cuidado. Mas não há motivo para mudar tendência. As projeções ainda são entre R$ 1,60 e
R$ 1,63", disse Adilson Goes, da
Corretora LevyCam.
Nathan Blanche, sócio da
Tendências, foi um dos poucos
a insistir em que o dólar voltaria a R$ 1,60. Para ele, a saída de
capital e o déficit externo mostram que o dólar deve subir.
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