São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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Moeda volta a R$ 1,60 e mercado discute reversão de tendência

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar comercial subiu e rompeu o teto de R$ 1,60, reacendendo as discussões sobre uma possível mudança na tendência da taxa de câmbio brasileira, que, até duas semanas atrás, parecia destinada a rumar abaixo de R$ 1,50. Ontem, a moeda americana subiu 1,07% e encerrou o dia negociada a R$ 1,609, maior cotação desde 10 de julho. Apenas nesta semana, o dólar subiu 3,21%.
Com juro de 13% ao ano no país, a única possibilidade de reversão da taxa de câmbio vista há duas semanas seria uma forte queda no preço das commodities. E foi o que aconteceu nesta semana, quando o petróleo derreteu quase 8% e voltou a US$ 115,2 em Nova York.
Segundo Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, os grandes fundos de investimento estrangeiros que apostavam pesado na valorização das commodities trocaram de lado nesta semana e passaram a comprar dólares americanos, que perdiam espaço diante de outras moedas. A mudança segue duas perspectivas que ficaram mais evidentes: o mundo -e a demanda por commodities- crescerá menos e os Bancos Centrais Europeu, do Reino Unido e do Japão não deverão elevar seus juros, o que incentiva o investimento nos EUA.
No Brasil, os investidores continuaram se desfazendo de suas "posições vendidas" [que apostam na queda do dólar] na BM&F, que passaram de US$ 8,5 bilhões no final de julho para menos de US$ 2 bilhões no início deste mês. A expectativa é que os "vendidos" tenham zerado essa aposta. "Mas não se espera que agora eles passem a atuar na posição comprada [aposta na alta]. Com esse juro, não há perspectiva de que se afaste de forma sustentável de R$ 1,60", disse Nehme.
"Acendeu uma luz amarela no mercado. Foi um dia estressante, que fez com que as empresas operassem com mais cuidado. Mas não há motivo para mudar tendência. As projeções ainda são entre R$ 1,60 e R$ 1,63", disse Adilson Goes, da Corretora LevyCam.
Nathan Blanche, sócio da Tendências, foi um dos poucos a insistir em que o dólar voltaria a R$ 1,60. Para ele, a saída de capital e o déficit externo mostram que o dólar deve subir.


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