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ANÁLISE
"Bolha" esconde fragilidade de países e falhas do FMI
Daniel Garcia - 9.mar.04/France Presse
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Desempregada grita slogans contra o FMI em protesto diante do banco central da Argentina |
DO "FINANCIAL TIMES"
"Boas intenções , pouco
esforço, muitas falhas."
Esse é o resumo feito, há duas semanas, por Anne Krueger, a diretora-gerente interina do (Fundo
Monetário Internacional), sobre
os esforços dos mercados emergentes para praticar reformas
econômicas.
Embora as finanças públicas,
em particular, dos mercados
emergentes certamente tenham
melhorado em relação a décadas
anteriores, alguns ainda têm um
longo caminho a andar. Mas o
FMI tem seu papel nisso, e seu
histórico é de uma lamentável indulgência diante dos que hesitam
nas reformas.
Nos últimos 18 meses, uma recuperação maciça nos títulos dos
mercados emergentes, de certa
forma relacionada aos juros muito baixos nos EUA, deu a esses governos um fôlego fiscal que em alguns casos eles pouco mereciam.
(Na semana passada, um relatório
do próprio Fundo alertou para o
risco de um estouro do que alguns
chamam de "bolha emergente".)
O aumento dos preços das commodities também beneficiou um
número alarmante de economias
de mercados emergentes que ainda dependem da exportação de
matérias-primas.
Provavelmente nada disso será
uma muleta permanente. É verdade que a alta dos preços dos ativos nos mercados emergentes está bem aquém da bolha que antecedeu a crise financeira asiática.
Mas a falta de critério dos investidores, que viram uma rápida melhora nas margens de títulos até
de atores fracos como a Venezuela, é uma preocupação.
A queda dos preços das commodities já arrasou mercados
emergentes antes. Os mercados
emergentes deveriam usar o ambiente externo positivo como
uma plataforma para um maior
progresso, em vez de se recostar e
apenas desfrutar.
Uma prioridade óbvia é continuar reduzindo a vulnerabilidade
às crises. Um apelo geral por
maior liberalização ignora o fato
de que a reforma muitas vezes foi
conduzida na direção errada,
mais que negligenciada.
Por exemplo, os programas de
privatização apressados e mal
aplicados nos países latino-americanos, que entregaram os monopólios de setores como água e
telecomunicações à iniciativa privada sem regulamentações e legislações eficazes, contribuíram
para a fadiga da reforma que põe
em risco a liberalização necessária
em outros lugares.
O papel do FMI na reforma dos
mercados emergentes também
não está isento de críticas. O Fundo continuou emprestando alegremente para muitos países por
um longo período, apesar de seus
constantes fracassos em cumprir
suas promessas. A Argentina na
década de 90 foi o exemplo perfeito de como a falta de rigor fiscal e
uma perigosa confiança nas exportações de matérias-primas pode abalar a boa vontade dos investidores internacionais. Mas as advertências, em caráter privado, do
FMI de que a reforma estava atrasada não foram acompanhadas
de ameaças efetivas de interromper os constantes empréstimos.
"A pressão interna pode em
muitos casos ser muito mais eficaz para convencer um governo
relutante a cumprir suas promessas", disse Krueger no seminário
de Nova York. Mas, quando a
pressão interna pela reforma falha, como na Argentina, o Fundo
deve fazer mais que lavar as mãos
e continuar emprestando.
Tradução de Luiz Roberto
Mendes Gonçalves
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