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MEGAPACOTE
Mas liberação dos US$ 24 bi dependerá do cumprimento das metas
Socorro do FMI cobre buraco
das contas externas em 2003
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças ao novo socorro oferecido pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional), o Brasil não deve
ter dificuldades para fechar suas
contas externas no ano que vem.
A linha de crédito acertada na semana passada será suficiente para
cobrir mais da metade das necessidades de financiamento do país
em 2003.
Na quarta-feira passada, o FMI
anunciou um novo acordo com o
Brasil, o terceiro em quatro anos.
Pelo entendimento, o país terá direito a um financiamento no valor
de US$ 30 bilhões, que poderá ser
sacado em parcelas ao longo dos
próximos 15 meses. Até o final
deste ano, o país poderá sacar US$
6 bilhões, em duas parcelas. Como previsto em todos os acordos,
o direito à liberação dos recursos
ocorre após técnicos do FMI confirmarem que o país cumpriu as
metas negociadas. Ou seja, o saque das parcelas de 2003 dependerá do cumprimento das metas.
O dinheiro do FMI, US$ 24 bilhões no próximo ano, vai cobrir
boa parte dos US$ 45,8 bilhões de
que o Brasil necessita para equilibrar seu balanço de pagamentos
em 2003, reduzindo a preocupação de que possa haver uma fuga
de dólares do país que torne as
contas externas insustentáveis.
Segundo o Banco Central, o
Brasil deverá pagar US$ 26,1 bilhões em parcelas da dívida externa no ano que vem. O número se
refere aos compromissos do governo e do setor privado. Além
disso, de acordo com levantamento feito pelo BC entre bancos
e consultorias, o déficit em transações correntes deverá ficar em
US$ 19,7 bilhões no ano que vem.
O saldo das transações correntes é formado pela soma dos resultados da balança comercial
(exportações menos importações), balança de serviços (viagens internacionais, gastos com
juros e remessas de lucros para o
exterior, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado para o país por residentes
no exterior, e vice-versa).
Somados, o déficit em transações correntes e os pagamentos
da dívida externa representam o
total esperado de saída de dólares.
Ou seja, precisam ser compensadas por ingressos de capital de
igual valor para que o balanço de
pagamentos fique equilibrado.
Os US$ 24 bilhões do FMI representam 52% do total de recursos que o Brasil precisa para fechar suas contas. O dinheiro só
pode ser sacado se o governo
cumprir as metas previstas no
acordo, como a obtenção de superávit primário de 3,75% do PIB
(Produto Interno Bruto). Nos últimos quatro anos, porém, não
houve problemas em relação ao
cumprimento de metas.
Os US$ 21,8 bilhões restantes
necessários para equilibrar o balanço de pagamentos podem entrar no país de duas formas: por
meio de investimento estrangeiro
direto e por meio de novos empréstimos que podem ser obtidos
por empresas ou pelo governo.
Equilíbrio delicado
O mercado espera que o Brasil
receba US$ 18 bilhões em investimento estrangeiro em 2003. Se a
projeção se confirmar e se o Brasil
realmente sacar os US$ 24 bilhões
do FMI no ano que vem, restará
apenas uma pequena parcela que
precisará ser obtida com financiamento internacional.
No ano passado, o dinheiro emprestado pelo FMI foi importante
para o equilíbrio das contas. O
país precisou de US$ 58,4 bilhões
para fechar suas contas, sendo
que US$ 6,6 bilhões vieram do
acordo fechado com o Fundo.
Num regime de câmbio flutuante,
um desequilíbrio no balanço
-ou seja, saída de dólares maior
do que o ingresso- pode ser resolvido com uma alta do dólar.
Nesses casos, a desvalorização do
real estimula as exportações e desestimula as importações.
Isso significa que mais dólares
passam a entrar no país, o que
acaba amenizando o desequilíbrio inicial entre ingressos e saídas de capital.
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