|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Remessa de recursos ainda não preocupa
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo economistas ouvidos pela Folha, o que impulsionou a remessa de lucros e dividendos para o exterior, nos últimos anos, foi
o processo de privatização,
além da onda de fusões e
aquisições de empresas locais pelo capital estrangeiro.
"Cresceu muito o investimento estrangeiro direto no
país, que saltou de US$ 10,7
bilhões em 1996 para US$
32,7 bilhões em 2000", diz
Alexandre Mathias, economista-chefe do Unibanco
Asset Management.
No ano passado, segundo
dados do Banco Central, a
entrada de investimento direto caiu para US$ 22,6 bilhões. Para este ano, a estimativa do mercado apurada
pelo Banco Central é que entrarão US$ 17,9 bilhões.
No primeiro trimestre, os
ingressos totalizaram US$
6,2 bilhões, com recuo de 5%
em relação a igual período
do ano passado. Para os economistas, essa queda ainda
não preocupa.
Enquanto o investimento
estrangeiro direto fluir para
o país em abundância, a
conta de remessa de lucros e
dividendos não pressionará
o balanço de pagamentos.
"Até o ano passado as empresas privatizadas estavam
num processo de investimento. Saía dinheiro, mas
também entrava via investimento direto", diz Ricardo
Carneiro, diretor do Centro
de Conjuntura Política e
Econômica da Unicamp.
O problema, segundo ele, é
que o ciclo de investimentos
chegou ao fim e, se cair muito a entrada de capitais, as
remessas de lucros poderão
pressionar o balanço de pagamentos. "Quando e como
isso irá acontecer é difícil
prever", acrescenta.
Mathias diz que "a história
não registra crise do balanço
de pagamentos por causa da
remessa de dividendos ao
exterior". O que há, segundo
ele, são movimentos localizados de aceleração dessa
conta nas crises.
Foi o que ocorreu em 1998,
quando saíram US$ 6,8 bilhões devido às crises da
Ásia e da Rússia. "As empresas apressaram as remessas
prevendo uma desvalorização do real que veio em seguida", diz Mathias. (SB)
Texto Anterior: Recall da privatização: Privatizada se endivida para embolsar lucro Próximo Texto: Dívida foi para fazer investimento, diz CPFL Índice
|