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Sobra quartzo, mas faltam chips
DA REPORTAGEM LOCAL
O avanço tecnológico da indústria eletroeletrônica brasileira tem
um obstáculo sério a ser enfrentado. O país não produz o principal
componente do setor -o chip de
silício-, apesar de ter a maior reserva mundial de quartzo, matéria-prima do semicondutor.
"Essa situação é paradoxal. O
Brasil tem cerca de 90% do quartzo do mundo, mas exporta a produção para países como os Estados Unidos ou para a Ásia", afirma o empresário Bruno Topel,
presidente da Heliodinâmica, indústria que produz módulos geradores de energia elétrica com
luz solar. O principal componente
do módulo é a lâmina de silício.
A Heliodinâmica fabrica essa lâmina específica comprando silício importado. Entre 1984 e 1996,
chegou a fabricar também lâminas de silício para chips, exportando-as para Índia e Estados
Unidos. Desistiu porque não conseguia enfrentar os custos mais
baixos dos concorrentes.
"O governo não estimula a produção do componente, que é fundamental para a eletroeletrônica",
diz Topel.
O diretor do centro de componentes de semicondutores da
Unicamp, Jacobus Swart, confirma a importância que o chip de
silício tem para o setor. "O chip
representa cerca de 70% do valor
de um computador. A tendência é
que pese cada vez mais."
Descaso
O descaso no Brasil para a produção de silício fica evidente
diante do processo de produção
do material. O quartzo é extraído
de jazidas na Bahia, por exemplo,
e exportado para indústrias norte-americanas ou asiáticas, que o
refinam até obter o silício. A Heliodinâmica adquire esse material
refinado e fabrica então as chapas
de silício para energia elétrica.
O desinteresse atual do país em
se dedicar ao silício ou ao chip fica
também evidente diante da estratégia adotada pela Itaucom, divisão da Itautec-Philco que fabrica
memórias para computador.
A companhia adquire os chips
de memória do exterior e os encapsula, testa e vende no Brasil. O
vice-presidente da Itaucom, Jesus
Boelle, afirma que não tem planos
de curto prazo para a construção
de uma indústria de chips no país.
"Isso exige um investimento alto,
da ordem de US$ 2 bilhões. Além
disso, é preciso um investimento
contínuo nesse tipo de fábrica,
pois os chips ganham novas versões a cada ano."
(LV)
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