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Gasto com energia chega a 20% do salário mínimo
Conta, porém, já representa fatia menor no piso
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A participação dos gastos
com energia elétrica nas despesas daqueles que ganham um
salário mínimo tem decaído
desde 2004, por conta da combinação de reduções tarifárias e
ganho real no valor do piso. Em
alguns Estados, como Tocantins, porém, a conta de energia
chega ainda a abocanhar um
quinto do piso local.
De acordo com levantamento do Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor) obtido pela Folha, o custo da
energia em relação aos salários
mínimos estaduais caiu de 24%
para 15% nos últimos quatro
anos, em dez dos Estados pesquisados. É uma tendência
contrária ao contexto mundial,
em que os custos nesse segmento são crescentes.
Ainda assim, o percentual é
considerado elevado pelo Idec.
Para o supervisor de Informação do instituto, Carlos Tadeu
de Oliveira, uma participação
superior a 10% do salário mínimo chega a ser excessiva.
Os Estados em que a energia
sai mais pesada no bolso da população, além de Tocantins,
são Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais e Rio de Janeiro.
"Certamente, depois do grupo alimentos, a energia elétrica
está entre as despesas mais expressivas da população de baixa renda", afirma Oliveira. Ele
aponta a "falta de clareza" no
mecanismo de reajustes tarifários como a principal dificuldade do consumidor. "Há uma série de compostos para justificar
o aumento que muitas vezes
foge à compreensão de quem
não é especializado."
Os preços da energia elétrica
declinaram de 2003 para cá. O
primeiro fator a explicar a tendência está no excesso de energia disponível após o racionamento. No mesmo período,
houve também um ganho de
produtividade, o que deu espaço para reduções tarifárias
mais expressivas, explica Francisco Anuatti, professor de economia e administração da USP
de Ribeirão Preto. "Passamos
por um momento em que as
empresas ganharam mais e os
consumidores também saíram
ganhando", afirma Anuatti.
Segundo ele, no entanto, esse
momento já está em seu fim, e
o consumidor já pode esperar
uma conta mais alta já no ano
que vem. Ocorre que o sistema
vem recorrendo às termelétricas, especialmente para garantir segurança energética nos
próximos anos. "A conta da ativação das usinas já vai arder no
ano que vem", diz o professor.
Para o presidente da Abradee (Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica), Luiz Carlos Guimarães,
o país tem uma posição "confortável" quando se comparam
os custos de energia em países
desenvolvidos. "Tivemos aqui
uma expansão do sistema. Lá
[nos países ricos], o impacto é
muito maior, sem dúvida."
Com CLAUDIA ROLLI, da Reportagem Local
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