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Argentina vai recomprar
títulos para frear queda
Vizinho anuncia gasto de US$ 250 mi na semana
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O governo argentino lançou
ontem um plano de recompra
de títulos de sua dívida pública
para frear a brusca tendência
de queda no valor desses bônus,
registrada na semana passada,
e pôr fim aos rumores do mercado sobre um novo default no
país. Só nesta semana, compraria US$ 250 milhões em títulos,
e outros US$ 750 milhões até o
fim do ano.
Na última semana, os bônus
públicos argentinos caíram entre 11% e 13%, logo após a venda
de US$ 1 bilhão em títulos para
a Venezuela. Para recomprar os
bônus, por meio do Banco Nación, o governo argentino deve
usar o mesmo dinheiro obtido
com a venda dos títulos.
Segundo um estudo do Centro de Investigação de Instituições e Mercados da Argentina,
em junho a dívida externa do
país atingiu pela primeira vez
índices superiores aos de 2001,
quando o país entrou em grave
crise política e econômica e deu
calote na dívida.
Diante desse cenário, a Venezuela é um dos poucos compradores que continuam a investir
nos títulos da dívida argentina.
Ainda assim, a venda ao país foi
criticada porque, para garantir
a "ajuda" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, a Argentina teve de aceitar pagar
taxa de juros de 15% ao ano.
Em seguida, o governo venezuelano vendeu os títulos a
bancos do país, que começaram
a liquidá-los, o que fez o preço
dos bônus despencar no mercado e os rumores sobre o default
reaparecerem.
Ontem, com a notícia de que
o governo estava recomprando,
o valor dos bônus voltou a subir. Mas caiu no fim do dia, após
o anúncio de que a agência
Standard & Poor's baixou a
classificação da Argentina de
B+ a B (cinco níveis abaixo do
Brasil e do Peru e no mesmo nível do Paraguai, e após o anúncio da inflação de julho, sob
suspeita de manipulação).
Inflação manipulada
O Indec (o IBGE argentino)
anunciou ontem que a inflação
de julho no país foi de 0,40%,
metade do que estimavam as
consultorias privadas.
Segundo os dados oficiais, o
preço dos alimentos teria caído
0,80% no mês. E o acumulado
do ano seria de 5%.
O índice de inflação no país
sofre suspeitas de manipulação
desde o início do ano passado,
quando o governo começou a
intervir no Indec.
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