São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Argentina vai recomprar títulos para frear queda

Vizinho anuncia gasto de US$ 250 mi na semana

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O governo argentino lançou ontem um plano de recompra de títulos de sua dívida pública para frear a brusca tendência de queda no valor desses bônus, registrada na semana passada, e pôr fim aos rumores do mercado sobre um novo default no país. Só nesta semana, compraria US$ 250 milhões em títulos, e outros US$ 750 milhões até o fim do ano.
Na última semana, os bônus públicos argentinos caíram entre 11% e 13%, logo após a venda de US$ 1 bilhão em títulos para a Venezuela. Para recomprar os bônus, por meio do Banco Nación, o governo argentino deve usar o mesmo dinheiro obtido com a venda dos títulos.
Segundo um estudo do Centro de Investigação de Instituições e Mercados da Argentina, em junho a dívida externa do país atingiu pela primeira vez índices superiores aos de 2001, quando o país entrou em grave crise política e econômica e deu calote na dívida.
Diante desse cenário, a Venezuela é um dos poucos compradores que continuam a investir nos títulos da dívida argentina. Ainda assim, a venda ao país foi criticada porque, para garantir a "ajuda" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, a Argentina teve de aceitar pagar taxa de juros de 15% ao ano.
Em seguida, o governo venezuelano vendeu os títulos a bancos do país, que começaram a liquidá-los, o que fez o preço dos bônus despencar no mercado e os rumores sobre o default reaparecerem.
Ontem, com a notícia de que o governo estava recomprando, o valor dos bônus voltou a subir. Mas caiu no fim do dia, após o anúncio de que a agência Standard & Poor's baixou a classificação da Argentina de B+ a B (cinco níveis abaixo do Brasil e do Peru e no mesmo nível do Paraguai, e após o anúncio da inflação de julho, sob suspeita de manipulação).

Inflação manipulada
O Indec (o IBGE argentino) anunciou ontem que a inflação de julho no país foi de 0,40%, metade do que estimavam as consultorias privadas.
Segundo os dados oficiais, o preço dos alimentos teria caído 0,80% no mês. E o acumulado do ano seria de 5%.
O índice de inflação no país sofre suspeitas de manipulação desde o início do ano passado, quando o governo começou a intervir no Indec.


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