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Prefeito em GO demite 2.000 trabalhadores
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ACREÚNA (GO)
O maior produtor individual de
algodão do país, o prefeito de
Acreúna (GO), Wander Carlos de
Souza (PMDB), demitiu 2.000
empregados de suas fazendas em
maio. Os trabalhadores foram
dispensados depois de o proprietário ter adquirido 18 colheitadeiras em uma feira agropecuária de
Ribeirão Preto (SP). O preço de
mercado estimado para as máquinas é de R$ 7,2 milhões.
Os trabalhadores, que preparavam a terra, plantavam o algodão
e faziam a colheita da safra, se juntaram para formar um acampamento de sem-terra, que logo se
tornou o maior do Estado. Hoje,
depois de desmembrado, eles estão em vários acampamentos espalhados por uma extensão de 30
km nas margens das rodovias vicinais que ligam as fazendas em
que trabalhavam à BR-080.
Esses acampamentos pertencem ao MST e a outros movimentos que reivindicam a reforma
agrária no Estado.
Marcelina Miguel Carneiro, líder de um acampamento de desempregados da lavoura de algodão organizado pela Fetaeg (Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de Goiás),
conta que, na colheita deste ano,
quando praticamente todos os
grandes produtores da região utilizaram colheitadeiras, os sem-terra aproveitaram para recolher
o que eles chamam de "restolho".
Depois que a colheitadeira passa, um resto de algodão fica no
chão. Organizados em uma fila,
os desempregados são autorizados pelo proprietário da terra a
juntar do chão esse "restolho" para depois tentar vender por cerca
de R$ 4 cada saco de 15 quilos.
"Processo normal"
"Não existe trabalho para os
braçais como nós. Somos na
maioria analfabetos. Só o "restolho" sobrou para nós", disse Carneiro, cercada por três crianças
com menos de 3 anos cada uma,
que vivem no acampamento. As
demais 22 crianças, entre 4 e 14
anos, do acampamento de Carneiro vão diariamente para a cidade estudar na escola municipal.
O prefeito e fazendeiro Wander
Carlos de Souza afirmou que esse
é um processo normal da evolução do campo. "Não podemos ficar parados no tempo. A indústria da agricultura e da pecuária
exige que seja promovida uma
mecanização na produção. É um
processo que não pode ser interrompido", disse.
A produção de Souza é estimada em 4% da produção nacional,
que é de 2,2 milhões de toneladas.
Quase toda a produção é destinada para a Coteminas, empresa
têxtil da família do vice-presidente José Alencar (PL). (TO)
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