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Empregados brasileiros preferem "forasteiros"
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles não trocam os patrões estrangeiros nem por gordas propostas salariais, e os expatriados
só abrem mão dos funcionários
quando voltam ao país de origem.
E, nesses casos, já os recomendam
a outras famílias que estão chegando ao país.
"Os expatriados adoram esse
pessoal: eles são trabalhadores,
têm instrução e um nível social
acima da média dos empregados
domésticos; alguns entendem
muito bem o inglês", conta Celina
Sampaio, da American Society.
Ela se refere a rede de empregados domésticos oriundos de Santa Catarina, que se especializaram
em trabalhar para famílias estrangeiras. Hoje, há pelo menos 20 casais dessa rede informal em lares
de expatriados, em São Paulo.
Ninguém sabe quando ou como
começou a se formar
Korime de Fátima Neppel, 24, e
seu marido Eliandro Stelmastchuk, 26, trabalharam durante
dois anos para uma família australiana e, desde junho, estão com
outra, americana, em São Paulo.
"Tivemos ofertas para ganhar
mais em casas de brasileiros, mas
não aceitamos. Os estrangeiros
tratam melhor os empregados,
aqui somos parte da família", diz
Korime. Juntos, eles ganham R$
1.600 mensais.
Korime nasceu em Canoinhas
(SC) mas viveu muitos anos em
Cruz Machado (PR), onde conheceu Eliandro. Ela tem o segundo
grau completo, chegou a fazer
dois anos de curso para o magistério e tentou o vestibular para Letras. Atualmente, graças ao incentivo dos patrões, está fazendo um
curso de inglês.
Com essa formação, ela diz que
não se importa em trabalhar como doméstica. "Adoro o que faço." Ela cozinha, cuida da casa,
das crianças e o marido é motorista e jardineiro. "Esse emprego nos
permite economizar, pois não temos despesas com moradia nem
alimentação", diz ela. No futuro,
quando os filhos vierem, o casal
cogita mudar a profissão.
Licença maternidade
Elenir Gregório, 35, amiga de
Korime, que junto com o marido
Sandro Fontana, 39, integra a "rede barriga verde" há mais de cinco anos acaba de ter o primeiro filho. "Foi uma gravidez de risco,
parei de trabalhar no terceiro mês
e precisei ficar em repouso. Tive
todo apoio dos meus patrões:
continuei morando na casa deles
e agora que estou amamentando
ainda não retomei integralmente
o trabalho", conta.
Elenir trabalha para uma família americana e diz que esse tipo
de tratamento jamais receberia
em casa de brasileiros. "Os americanos nos tratam como pessoas
da família, não há diferença entre
empregado e patrão."
Ela conta que faz as refeições e
assiste TV junto com os patrões,
pode receber amigos e, como o
apartamento que ocupa com o
marido é pequeno, os patrões liberam a varanda e o salão de festas nessas ocasiões. "Os brasileiros mantêm distância, são mais
frios e exigem o uso de uniforme.
Minha patroa diz que é estupidez
dizer que roupa o empregado deve usar", diz ela.(SB)
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