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ARTIGO
A economia dos EUA talvez esteja melhor do que você pensa
FLOYD NORRIS
DO "THE NEW YORK TIMES"
Talvez a economia em 2003
venha a ser um pouco como a
guerra no Iraque: um início lento
que fez os críticos reclamarem, seguido de um avanço surpreendentemente forte até o final.
A reação do mercado de ações a
todas as boas notícias do Iraque
tem sido um pouco menos que
notável. Esta semana os profissionais que negociam futuros dos índices de ações overnight em geral
esperavam recuperações quando
a Bolsa abrisse, mas ficaram desapontados com a hesitação dos investidores de verdade em valorizar os preços das ações reais.
Há muito pessimismo em relação à economia. A Mesa-Redonda Empresarial, um grupo de executivos de grandes companhias,
informa que a maioria de seus
membros diz que suas vendas aumentarão nos próximos seis meses. Mas esses executivos ainda
estão pessimistas sobre a economia e muitos planejam cortes de
postos de trabalho.
O mais surpreendente nesse relatório foi que quase 80% dos executivos dizem que é o consumidor que os assusta. Solicitados a
indicar "o maior desafio econômico que enfrenta a América corporativa", poucos escolheram os
danos causados pelo dólar forte às
exportações, ou a fraca demanda
externa, ou os custos crescentes
do seguro-saúde.
Mas 27% citaram "a fraca demanda do consumidor" e 52% escolheram "a incerteza do consumidor" causada pela guerra e o
terrorismo.
Na verdade a economia não está
tão ruim. Os preços no varejo estão crescendo em um ritmo morno, mas os altos preços da gasolina têm uma boa parte da culpa
disso. "O dinheiro que foi para os
postos de combustível não foi para as lojas de departamentos",
disse Robert Barbera, principal
economista do ITG/Hoenig. Com
os preços do petróleo caindo, as
lojas poderão recuperá-lo.
Depois há as estatísticas de seguro-desemprego. O número
ajustado sazonalmente mostra
que o número de beneficiários aumentou 5% desde o fim de janeiro. Mas os números reais - antes
do ajuste sazonal - mostram
uma queda de 7%.
Os ajustes sazonais supõem
que, quando o clima melhorar,
um número maior de pessoas encontrará empregos. Isso já aconteceu, mas não na medida esperada. Pode-se acusar o clima ou o
pessimismo provocado pela guerra. Ou pode-se ver evidências de
uma iminente cobrança dupla.
Cobranças
A probabilidade é que não seja
uma cobrança dupla. A queda dos
preços do petróleo ajudará a economia depois da guerra.
O crescimento, porém, será desacelerado durante algum tempo
pela necessidade de as empresas
trabalharem com os estoques excedentes adquiridos para dar segurança caso a guerra ao terrorismo cortasse as rotas comerciais
internacionais. Então veremos se
os consumidores estão tão preocupados quanto as empresas pensam que eles estão.
Existe uma boa probabilidade
de que, com o pessimismo tão
forte nos Estados Unidos e na Europa, a próxima rodada de estatísticas econômicas seja melhor do
que se espera. Os ajustes sazonais
poderão exagerar a recuperação
dos meses de fevereiro e março,
prejudicados pelo clima, fazendo
a recuperação parecer mais forte
do que é, mas a valorização que
beneficiou as ações no início da
guerra poderia ajudar a economia
agora.
Crescimento
A economia não está pronta para um boom, e a grande surpresa
dos últimos três anos continua
sendo a lentidão da economia em
reagir aos estímulos do Federal
Reserve (banco central dos EUA)
depois do estouro da bolha do
mercado de ações. A era do capital virtualmente grátis para as empresas preferidas, principalmente
de tecnologia e telecomunicações,
produziu mais capacidade excedente do que seria compreensível,
mesmo em 2001.
A economia terá de prosseguir
sem muita contribuição desses setores, mas há motivos para que se
espere um aumento nos gastos de
outras empresas depois que os diretores superarem o medo de que
os consumidores vão parar de
gastar.
O alívio de guerra na Bolsa atingiu o pico três semanas atrás, e os
preços se recuperaram desde então. Mas é interessante que os piores desempenhos tenham sido os
das velhas empresas borbulhantes de tecnologia e telecomunicações. Companhias de outros setores se saíram melhor. Aí o mercado pode estar fazendo uma boa
previsão econômica.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
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