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TUDO PELO CRÉDITO
Levantamento do BC vê problemas financeiros, administrativos e até fraudes em 20% das entidades
Modelo do PT, cooperativa expõe fragilidade
DA REDAÇÃO
Uma das principais esperanças
do governo para permitir o acesso
de pessoas de menor poder aquisitivo ao financiamento, as cooperativas de crédito no Brasil exibem problemas financeiros, administrativos e fraudes.
Levantamento do BC (Banco
Central) revela que 20% das 1.451
cooperativas de crédito do país
estão com suas contas irregulares.
O BC identificou ainda que,
mesmo entre as cooperativas que
cumprem as normas mínimas de
funcionamento -emprestar no
máximo 7,7 vezes o valor do patrimônio e comprometer no máximo 50% do patrimônio em ativos
imobilizados-, há risco de prejuízo para os sócios. "O preparo
dos dirigentes dessas instituições
não é bom. A maioria deles não
tem conhecimento de administração", disse à Folha Oswaldo
Watanabe, chefe do Departamento de Supervisão Direta do BC.
Segundo o levantamento, 184
das cooperativas emprestaram
mais dinheiro aos sócios do que
podiam, 158 investiram em bens e
imóveis mais do que estavam autorizadas e 63 estavam com patrimônio líquido negativo. Algumas
entidades cometeram mais de
uma de irregularidades.
Em operação no país desde
1902, cooperativas de crédito são
sociedades sem fins lucrativos
que financiam associados a taxas
melhores que as de mercado. Juntas, elas somavam patrimônio de
R$ 2,6 bilhões no final de 2002.
Na próxima semana, o governo
deve aprovar nova regulamentação para essas entidades com o
objetivo de expandir o crédito à
população de baixa renda.
Será autorizada a formação de
cooperativas abertas, de vínculo
associativo amplo. Ou seja: poderão atuar como bancos, captando
recursos de quaisquer pessoas.
Hoje, essas instituições só podem captar e emprestar para categorias profissionais, funcionários
de uma mesma empresa e setores
da economia.
"Isso tem limitado o crescimento do sistema, pois, nas pequenas
comunidades, elas acabam atendendo pouca gente", diz Marco
Aurélio Almada, superintendente
de uma confederação que reúne
755 cooperativas e 15 centrais.
Com as mudanças propostas
pelo governo, o BC quer apertar a
fiscalização sobre as cooperativas
para aperfeiçoar seus critérios de
empréstimos e melhorar o controle na captação de recursos.
Manoel Messias, presidente da
Cecresp (Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São
Paulo), admite a precariedade na
condução dessas cooperativas.
O problema, segundo ele, é que
os administradores são médicos,
engenheiros, metalúrgicos e advogados, "muitas vezes amadores
em gestão". No ano passado, 23
instituições foram liquidadas,
quase o dobro de 2001, quando 12
foram extintas.
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