São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008 |
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Confiar demais no talento ameaça sucesso
Psicóloga diz que os que crêem no poder da aptidão tendem a não realizar seu potencial por estarem preocupados em parecer inteligentes
Por que algumas pessoas realizam seu potencial de criatividade nos negócios e outras,
igualmente talentosas, não o
fazem? Depois de três décadas
de pesquisas, Carol Dweck, psicóloga da Universidade Stanford, acredita que a resposta a
esse enigma depende da forma
pela qual as pessoas pensam sobre inteligência e talento.
Aquelas que acreditam que
nasceram com toda a inteligência e os dotes que terão na vida
tendem a abordar a existência
com o que ela define como
"uma atitude mental rígida".
Aquelas que acreditam que
suas capacidades podem se expandir ao longo do tempo, no
entanto, têm uma "atitude de
crescimento". Adivinhe qual
dos dois grupos se prova mais
inovador ao longo do tempo.
"A sociedade é obcecada pela
questão do talento e do gênio, e
quanto às pessoas que são boas
"naturalmente", dotadas de capacidade inata", diz Dweck, conhecida por pesquisas que
transpõem as fronteiras entre a
psicologia pessoal, social e do
desenvolvimento.
"As pessoas que acreditam
no poder do talento tendem a
não realizar seu potencial porque estão preocupadas demais
em parecer inteligentes e não
cometer erros. Mas as pessoas
que acreditam que talento pode
ser desenvolvido são aquelas
que realmente crescem, pressionam as barreiras, confrontam seus erros e aprendem com
eles." Nesse caso, o esforço supera o talento natural em virtualmente todos os casos.
Embora alguns administradores apliquem esses princípios ao seu trabalho cotidiano,
muitos outros preferem acreditar que contratar os melhores e
mais brilhantes formandos das
escolas mais conhecidas garantirá o sucesso empresarial.
O problema é que, tendo sido
identificados como gênios, os
sacramentados começam a temer a perda dessa condição. "É
difícil avançar criativamente, e
especialmente fomentar o trabalho de equipe, se todas as
pessoas estão tentando ser a estrela mais brilhante da constelação", disse Dweck.
No livro "Mindset: The New
Psychology of Success" [Atitude Mental: A Nova Psicologia
do Sucesso], de 2006, ela demonstra de que maneira adotar
uma atitude rígida ou de crescimento com relação ao talento
pode ter efeito profundo sobre
todos os aspectos da vida de
uma pessoa, da criação de filhos
e relacionamentos românticos
ao sucesso escolar e profissional.
Ela atribui o sucesso de diversos presidentes de empresas à atitude de crescimento,
mencionando sua capacidade
de inspirar os comandados. Entre eles estão John Welch, da
General Electric, que preferia
trabalho de equipe ao gênio individual; Louis Gerstner, da
IBM, que dedicou seu livro sobre a reversão da crise da empresa aos "milhares de funcionários da IBM que nunca desistiram da companhia"; e Anne
Mulcahy, da Xerox, que se concentrou no moral e no desenvolvimento de seu pessoal mesmo em meio à implementação
de cortes dolorosos.
Mas Dweck não sugere que
os profissionais de recursos humanos ignorem o talento inato.
Ela sugere que eles devem procurar tanto por talento quanto
por uma atitude de crescimento nos potenciais contratados,
pessoas apaixonadas por
aprender e que prosperam em
meio ao desafio e à mudança. Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Bico na construção civil é a única alternativa Próximo Texto: Controle externo pára obras, diz governo Índice |
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