|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Só investimento fará química inverter saldo
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor químico brasileiro começa a emitir tênues sinais de inversão da histórica dependência
de produtos importados.
O movimento fomentado a partir da maxidesvalorização do real,
em 1999, ganhou corpo nos dois
últimos anos. Mas a Abiquim (a
associação das indústrias) reconhece que a substituição de importações demanda investimentos de pelo menos cinco anos.
De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), nos
primeiros sete meses de 2002, as
importações do setor químico totalizaram US$ 27,5 bilhões, contra
exportações de US$ 31,3 bilhões.
O saldo positivo de US$ 3,8 bilhões não se deve, entretanto, a
um surto exportador: as importações caíram 6,29% em valores absolutos, enquanto as exportações
subiram 3,7%.
Em 2001, a balança comercial de
toda a indústria química havia sido negativa. Mais: as importações
dessa área foram as que tiveram
maior peso (22%) no total de importações brasileiras no ano passado -em segundo ficaram as de
eletroeletrônicos, com 20%.
Na quarta-feira passada, a Rhodia inaugurou em seu complexo
industrial em Santo André (SP)
uma unidade para resinagem de
tecido -espécie de tela- usado
na fabricação de pneus. A empresa investiu US$ 15 milhões na unidade, que, além de abastecer 50%
do mercado brasileiro, exportará
para outros países do Mercosul.
No mesmo dia, a DuPont também inaugurava uma fábrica de
não-tecidos (compostos de fibras
usados na indústria de calçados e
de higiene pessoal). Foram desembolsados US$ 20 milhões para
erguer a unidade, que, segundo a
DuPont, terá capacidade para
atender toda a demanda pelo produto na América do Sul.
A mesma companhia investiu
US$ 200 milhões, em Paulínia
(SP), em um centro têxtil, inaugurado em agosto, que deve aumentar em 50% a produção no Brasil
de seu mais conhecido produto, a
fibra Lycra -e que fará do país
exportador para demais regiões.
Para alguns especialistas, no entanto, a dependência brasileira de
produtos importados no setor
químico será superada apenas
com a atração de grandes investimentos externos -o que dependerá de uma política do governo
direcionada a esse fim.
Ou seja, analisadas sob esse aspecto, as decisões de empresas como a DuPont e a Rhodia podem
ser consideradas apenas como estratégias individuais, e não parte
de uma nova grande onda investidora em todo o setor químico.
"À medida que a economia se
reative, as pressões por importações nessa área votarão", diz Fernando Ribeiro, economista da
Funcex.
(JOSÉ ALAN DIAS)
Texto Anterior: Demanda externa salva estratégia das empresas Próximo Texto: Nacionalização é maior em bem intermediário Índice
|