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Nacionalização é maior em bem intermediário
MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fenômeno da substituição de
importações é mais claro no setor
de bens intermediários. Um relatório elaborado pelo Ministério
do Desenvolvimento sobre o tema mostra que, enquanto a queda
da produção brasileira de bens intermediários foi de 1,7% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano
passado, as importações do segmento caíram 20,1%.
O secretário-adjunto de política
econômica do Ministério da Fazenda, Roberto Iglesias, diz que
esse "descolamento" entre as importações e a produção evidencia
uma migração para os produtos
nacionais.
"A produção da indústria da
transformação está descolando
das importações de intermediários, que incluem de trigo a partes
e peças e bens para atualização industrial. As importações estão recuando, mas, se a produção não
cai de forma acentuada, é sinal de
que há demanda, que está sendo
atendida pelo produto nacional."
Mas o que preocupa é que, em
outros setores, em que não há indícios de substituição claros, as
importações estejam caindo em
ritmo tão acentuado. No setor de
bens de consumo duráveis, por
exemplo, há queda de 33,5% até
setembro, o que indica que há,
sim, retração no consumo.
Esse é um dos fatores que mostram que, ainda que tenha havido
substituição de produtos estrangeiros por nacionais, a queda nas
importações de 17,7% no ano foi
fortemente influenciada pela redução do nível de atividade econômica do país.
Com a disparada do dólar, esse
fenômeno tende a se acentuar
porque para muitos compradores
torna-se inviável a aquisição de
bens importados. Mas o mesmo
motivo lança dúvidas sobre a longevidade do fenômeno.
"Por conta da aceleração do dólar, pode estar havendo uma
substituição oportunista. O comprador transfere algumas aquisições para indústrias locais e depois volta a importar", acredita o
analista da Funcex (Fundação
Centro Escola de Comércio Exterior), Fernando Ribeiro.
Mas Iglesias acha que o processo de substituição de importações
vai continuar porque tem como
base novos investimentos realizados no país.
"Houve a partir de meados de
1999 decisões de investimento de
produzir aqui dentro itens que
eram produzidos lá fora. Isso porque o ambiente econômico favorecia. O Brasil mudou o regime de
câmbio, mas continuou a ter uma
economia estável. Em meados de
2001 começaram a ficar prontos
esses projetos e o resultado é essa
substituição de importações que
estamos vendo agora", disse.
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