São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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Obama reage otimista a indicadores ruins

Vendas do varejo nos EUA voltam a cair após dois meses de leve alta; em discurso, presidente diz ver "raios de esperança"

Presidente do Fed endossa afirmação e diz que recessão perde força; autoridades admitem, contudo, que a recuperação só virá em 2010


Matthew Cavanaugh/Efe
O presidente dos EUA, Barack Obama, discursa em Washington

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Em um dia repleto de dados ruins sobre a economia dos EUA, o presidente Barack Obama e o presidente do Fed (banco central americano), Ben Bernanke, insistiram em tons otimistas. Admitiram, porém, que a retomada do crescimento só virá a partir do ano que vem.
Os discursos chegaram horas após a divulgação de um relatório do Departamento do Comércio dos EUA que mostra que, após dois meses de leves altas, as vendas do varejo voltaram a cair -março teve queda de 1,1% em relação a fevereiro. Em relação aos resultados de um ano atrás, as vendas no mês passado caíram 10,7%.
No atacado, o índice de preços caiu 1,2% em março em relação ao mês anterior, puxado principalmente pela queda no preço da gasolina (-13,1%). Em comparação com o mesmo período em 2008, a queda foi de 3,5%, o pior declínio anual em 50 anos, causado em parte pela perda drástica no preço do petróleo, que estava a mais de US$ 100 o barril em março do ano passado e que agora fica em torno de US$ 50. Descontando energia e alimentação, os preços ficaram estáveis.
Sem citar os dados, em visita à Universidade Georgetown (Washington D.C.), Obama pediu à população que mire o longo prazo. "Não há dúvida de que o momento ainda é duro. Mas, de onde estamos, pela primeira vez começamos a ver raios de esperança." Ele repetiu que a lei de estímulo à economia (de US$ 787 bilhões) e os esforços para fortalecer o sistema bancário estão dando frutos, demonstrados pelo aumento de refinanciamentos em hipotecas e de empréstimos a pequenos negócios.
Obama citou ainda como de impacto positivo a ajuda à indústria automotiva nacional, mas os números questionam a afirmação. As gigantes automotivas GM e Chrysler receberam, juntas, US$ 17,4 bilhões em empréstimos federais, mas ambas continuam à beira da bancarrota. Em março, a queda de 23,5% nas vendas de veículos pressionou os resultados do varejo.
O presidente disse que a restruturação das montadoras, assim como da seguradora AIG, envolverá decisões difíceis e impopulares. E afirmou que ninguém deve esperar recuperação forte em 2009.

Base sólida
Enquanto isso, a quase 900 km dali, o presidente do Fed afirmava estar "fundamentalmente otimista" sobre as chances para a economia dos EUA no longo prazo e disse que a recessão, que já tem 16 meses, está perdendo sua severidade.
Em discurso em uma universidade em Atlanta, Ben Bernanke disse que "recentemente vimos sinais iniciais de que o declínio forte da atividade econômica pode estar diminuindo". "As condições econômicas hoje são difíceis, mas as bases da nossa economia são fortes, e não enfrentamos problemas que não podem ser superados."
A alusão à solidez econômica lembra a que criou problemas em 2008 ao então candidato republicano à Presidência, John McCain, que elogiou os fundamentos da economia do país no mesmo mês em que o banco Lehman Brothers quebrou.
Bernanke defendeu a necessidade de mais regulações e também afirmou que o Fed está atento à inflação. Segundo ele, a maior parte dos membros do órgão gostaria de uma inflação anual em torno de 2% no longo prazo. Hoje será divulgado o relatório de inflação do varejo.


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