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Piva quer tributo menor e "obsessão exportadora"
DA REPORTAGEM LOCAL
Horácio Lafer Piva, presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diz
que não acredita mais -como no
passado- em soluções radicais,
de ruptura do modelo econômico. Na sua opinião, para o crescimento da economia desaguar no
desenvolvimento no sentido amplo - de inserção social e melhoria das condições de vida da
maioria da população-, é preciso vontade política do governo
para avançar nas medidas que já
vem tomando. O empresário cita
as mudanças na estrutura tributária, a desoneração dos investimentos e a redução dos juros como pontos da política econômica
a serem reforçados. A seguir trechos de entrevista à Folha.
(SB)
Folha - O que precisa ser feito para
que o crescimento econômico tenha
sustentação e possa ser usufruído
pelo conjunto da população?
Horacio Lafer Piva - Nós, da indústria, temos três sugestões ao
governo: estimular os investimentos, manter uma obsessão exportadora de forma a crescer 12%
ao ano as exportações nos próximos cinco anos e racionalizar e
cortar despesas públicas.
Folha - A retomada dos investimentos pela indústria não está muito lenta?
Piva - Eu sinto um clima mais
positivo. Porém ele ainda não está
ocorrendo na velocidade que deveria, principalmente os investimentos externos. A razão disso é
que nem todas as empresas têm
margem e o custo de capital é alto.
Folha - Quais os instrumentos e
práticas que precisam ser desmontados para dar solidez à economia?
Piva - Tem muita coisa a ser feita
na área da desburocratizarão e do
crédito: irrigar o mercado com
crédito a taxas mais baixas. As
empresas têm de fazer um esforço
para vender lá fora e ver como aumentar o consumo interno. Hoje
menos de 40% da população está
no mercado consumo.
Folha - Como agregar essa massa
ao mercado consumidor?
Piva - O Brasil tem que compreender que o processo de retomada de sua condição de grande
potência se dá dentro de um prazo mais lento. Não acredito mais
que se consiga ter soluções radicais, de ruptura. O país não consegue girar sua economia se não tiver recursos externos. Imaginar
que podemos pensar em impor
unilateralmente condições para o
mercado internacional é ilusão.
Folha - Como o crescimento melhoraria a vida do brasileiro?
Piva - Quanto mais crescimento,
mais se distribui. O papel do governo, em parceria com o setor
privado, é descobrir como distribuir melhor essa renda. Descobrir
onde estão as vocações regionais
para gerar mais empregos.
Folha - Qual o modelo de país que
o senhor tem em mente?
Piva - O Brasil não tem de acompanhar modelo, mas olhar como
a Ásia desenvolveu ciência, tecnologia e a educação. Tem de se referenciar nos EUA no que se refere
ao espírito empreendedor, na Europa que soube desenvolver um
mercado de consumo e no exemplo do Chile no equacionamento
da questão da previdência.
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