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Líderes ainda concentram vendas
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo que as líderes de mercado tenham perdido uma parcela
do bolo total, a indústria brasileira
ainda é extremamente concentrada. No setor de sabão em pó, por
exemplo, as duas maiores empresas têm mais de 90% do mercado.
No caso das cervejas, a líder, AmBev, supera a taxa de 60%. A situação se repete nos chocolates.
O que ajuda a mexer -para cima ou para baixo- com os níveis
de concentração é a guerra de preços entre as empresas. Quando
uma companhia resolve baixar os
preços de forma considerável, para aumentar as vendas, ela eleva
sua participação. É o que os analistas chamam de "comprar mercado". É uma estratégia que desequilibra o setor e dura pouco.
Lançamentos de mercadorias
também forçam mudanças. "O
brasileiro adora novidades e experimenta sempre", diz Cláudio
Felisone, do Provar, que estuda o
mercado varejista.
O que mais favorece alterações
nos rankings de empresas, entretanto, e de forma imediata, são as
fusões e as aquisições. A compra
da Garoto pela Nestlé, que não foi
finalizada ainda, pode deixar o
mercado mais "fechado", diz a
concorrente Lacta. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) está avaliando o negócio ainda.
"Essa competição é danosa. Eles
poderão forçar uma queda de
preço em todo o mercado e desequilibrá-lo. E os estrangeiros não
entrarão no Brasil. Afinal, por que
colocar dinheiro aqui se só um
grupo tem mais de 50% do mercado?", diz José Roberto de Almeida, diretor jurídico da Lacta.
A Abicab, que representa os fabricantes, discorda em parte. "Em
vários setores temos poucos "players", mas extremamente competitivos. Brigam pelo melhor preço,
têm campanhas de marketing
agressivas, dezenas de produtos
diferentes", diz Getúlio Ursulino,
presidente da entidade. "O consumidor só ganha com essa disputa,
ainda que entre poucas empresas", afirma ele.
Dados da Nielsen mostram que
a Lacta já perdeu espaço. Estava
com 35,4% em 2001 e passou para
33,5% em junho de 2002. A Nestlé
e Garoto, juntas, tinham 55,2% do
mercado de chocolates no fim do
primeiro semestre deste ano. Em
2001, estavam com menos: 53,6%.
Efeitos ao consumidor
A possibilidade de ter muitas ou
poucas escolhas nas prateleiras é
o que faz diferença ao consumidor. Por isso, analistas acreditam
que, mesmo que a disputa entre
duas empresas seja competitiva, é
preciso sempre ter mais "players"
nesse jogo.
No setor de cervejas, por exemplo, a AmBev ganhou a companhia de empresas mais atuantes
do que no passado, como a Cintra
e a Schincariol. Em 2001, a AmBev, dona das marcas Brahma e
Antarctica, estava com 65,6% de
participação. Em junho de 2002,
caiu para 63,9%. A Kaiser ganhou
pontos no período -1,8. De um
ano para cá, os preços aumentaram pouco. A expansão foi de
apenas 0,5%, segundo o IPC/Fipe.
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