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SALTO NO ESCURO
Documento sobre política tarifária será entregue ao governo
Indústria prepara estudo sobre energia
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acossada por aumentos sucessivos no custo da energia, a indústria vai entregar ao governo documento demonstrando os efeitos
negativos da política tarifária adotada para o setor: perda de competitividade no mercado internacional, repasse para preços e desestímulo a novos investimentos.
Os estudos estão sendo preparados pela Abrace (Associação
Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia) e
pela CNI (Confederação Nacional
da Indústria), separadamente.
Empresários já procuraram a
ministra Dilma Rousseff (Minas e
Energia) para tratar do tema. A
ministra encaminhou o assunto
para estudos na Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
Em 2003, as altas da tarifa de
energia para a indústria nas principais distribuidoras chegaram a
36,7%. Neste ano, os aumentos
foram de até 28%. Os reajustes para o setor industrial são parte de
uma política de realinhamento tarifário, definida no último ano do
governo Fernando Henrique Cardoso. A idéia é aumentar menos a
tarifa para o consumidor residencial e mais para o industrial.
Em abril do ano passado, preocupado com os efeitos inflacionários da política, o Ministério de
Minas e Energia tornou o processo de realinhamento tarifário
mais ameno e mais dilatado no
tempo. Em vez de terminar em
2006, só acabaria em 2007.
A Abrace encomendou um estudo para tentar reverter a política. Segundo Paulo Ludmer, diretor da associação, a estratégia é
ruim para o consumidor e para o
país. "Ou vai para o preço ou para
a renúncia de investimentos", diz
a respeito da pressão da alta da
energia nos custos das empresas.
Para a CNI, o efeito da alta das
tarifas para a indústria será o repasse para os preços, assim que a
situação econômica permitir.
Para a Abrafe (Associação Brasileira dos Produtores de Ferro-Liga e Silício Metálico), a perda de
competitividade poderá afetar os
resultados da balança comercial.
Procurado para comentar o assunto, o Ministério de Minas e
Energia disse, por meio de assessoria, que o tema deveria ser tratado com a Aneel.
A Aneel, por sua vez, disse, também por meio da sua assessoria,
que apenas cumpre as políticas
definidas pelo governo federal para o realinhamento tarifário.
O realinhamento é definido em
decreto presidencial assinado pelo presidente Lula e pela ministra
Dilma Rousseff.
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