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Para mercado,
o aperto fiscal
deve ser maior
DA REPORTAGEM LOCAL
O aperto fiscal anunciado na semana passada pode ter mostrado
a preocupação do governo com a
dívida pública, mas ainda não será capaz de evitar seu crescimento. Isso explica, em parte, a tensão
que ainda prevalece no mercado
financeiro e que levou dólar e risco-país a subirem novamente na
sexta-feira passada.
Estimativas de economistas colhidas pelo Banco Central mostram que, no último dia 7, o cenário esperado para este ano era de:
PIB (Produto Interno Bruto) em
queda, próximo a 2%; juros reais
médios de 11,87% em 2002; taxa
de câmbio média de US$ 2,53.
Nesse contexto, o superávit primário (indicador que contabiliza
receitas menos despesas do governo, sem incluir gastos com juros) necessário para frear a expansão continuada da dívida pública é superior a 4% do PIB (Produto Interno Bruto). A conta foi
feita pelo BBV Banco.
O número está além, portanto,
do superávit de 3,75% que o governo passou a perseguir para este ano, de acordo com anúncio
feito na quinta-feira passada. Antes, a meta era de 3,5% do PIB.
Não por acaso, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) queria
que o governo aumentasse a meta
para, pelo menos, 4%.
Segundo analistas, no entanto, a
capacidade de o governo brasileiro conseguir um superávit superior a 3,75% é muito limitada. Afinal, os custos políticos dessa medida-que poderia implicar em
gastos menores para áreas como
saúde e educação-seriam muito
altos. Isso valerá também para o
próximo governo.
Essa dificuldade em conter o
crescimento da dívida pública
põe mais fogo no caldeirão de paranóias do mercado financeiro.
O cenário pode piorar ainda
mais se o câmbio continuar pressionado durante muito tempo e
ultrapassar a média de US$ 2,53
esperada para 2002.
Segundo estimativas do BBV,
com as demais previsões para PIB
e juros reais estáveis, mas o câmbio médio em US$ 2,60, o aperto
fiscal necessário para conter o
crescimento da dívida pública seria, por exemplo, de 4,9%.
Mas, segundo economistas, a
preocupação do mercado financeiro com a dívida pública é acentuada pelas incertezas eleitorais.
"A dívida ganha o contorno de
um grande problema porque o
mercado questiona o compromisso de um próximo governo
com o seu pagamento", diz Fernando Barbosa, economista do
BBV Banco.
(ÉRICA FRAGA)
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