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Para Meirelles, turbulência ainda está longe de desfecho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que a crise da economia
dos EUA está longe de um desfecho, mas afirmou acreditar
que o Brasil está pronto para
suportar turbulências.
"A situação dos mercados financeiros americanos continua complicada e isso tende a
se manter assim por um certo
período", disse Meirelles, em
audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Para Meirelles, a crise no
mercado imobiliário encareceu
o crédito e prejudicou a liquidez dos bancos dos EUA.
Ele ressaltou, porém, que nos
últimos meses o Brasil não tem
sofrido tanto com a crise quanto outros emergentes. Exibiu
gráficos que mostram que o risco-país brasileiro -quanto
mais valorizados os títulos de
um país no mercado internacional, mais baixo o índice- está abaixo da média de outros
países em desenvolvimento.
Meirelles minimizou as
preocupações, expostas pelo
senador Eduardo Suplicy (PT-SP), sobre o crescente déficit
nas contas externas do Brasil
-nas contas do próprio BC, o
saldo negativo deste ano deve
ficar em US$ 21 bilhões. Segundo Meirelles, as reservas em
moeda estrangeira acumuladas
nos últimos anos, que superam
US$ 200 bilhões, podem ser
usadas para financiar esse déficit, caso a crise se agrave.
Apesar de otimista, as declarações de Meirelles mostraram
também que o Brasil não pode
se considerar imune às turbulências do cenário externo. Um
dos problemas enfrentados é o
da alta da inflação, que, segundo o presidente do BC, é um fenômeno mundial.
Pressão global
"Não há dúvida de que, devido ao aumento no consumo
global, especialmente nos países emergentes, temos uma
pressão mundial sobre o preço
das commodities. E não é só
nos alimentos, todas as matérias-primas estão sujeitas a essa pressão", afirmou.
Meirelles voltou a dizer que o
BC "fará o que for necessário,
enquanto for necessário", para
manter a inflação sob controle.
Na semana que vem, o Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) volta a se reunir para
decidir se mexe ou não nos juros básicos da economia, em alta desde abril. A expectativa do
mercado é de uma alta de 0,5
ponto, o que levaria a taxa Selic
para 12,75% ao ano. Alguns
analistas prevêem elevação
ainda maior, de 0,75 ponto.
"O BC está comprometido
com sua missão básica de manter a convergência da inflação
ao centro da meta", disse. O objetivo do governo é manter a alta do IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) em 4,5%,
admitindo um desvio de até
dois pontos percentuais para
cima ou para baixo. Na semana
passada, pesquisa feita pelo
próprio BC com cerca de 80
analistas do setor privado mostrava que a expectativa do mercado é que o resultado deste
ano fique em 6,48%.
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