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Mais bancos vão quebrar, dizem analistas
Até 150 instituições americanas de pequeno e médio porte podem entrar em colapso, arrastadas pela crise imobiliária
Especialistas aguardam com atenção safra de resultados de alguns dos maiores grupos financeiros dos EUA, como Citi e Merrill Lynch
LOUISE STORY
DO "NEW YORK TIMES"
À medida que os preços das
casas continuam a cair e a inadimplência nos empréstimos
se expande, autoridades regulatórias dos EUA se preparam
para a quebra de dezenas de
bancos nos próximos 18 meses.
Após o colapso de um grande
banco hipotecário californiano
na noite de sexta-feira, os analistas de Wall Street levantaram duas questões cruciais:
exatamente quantos bancos
podem quebrar? A mais urgente: quais seriam os próximos?
Os bancos do país estão correndo muito menos perigo do
que no final dos anos 80 e no
começo dos 90, quando mais de
mil instituições cujos depósitos
eram garantidos pelo governo
federal quebraram na crise do
setor de poupança e empréstimos. Aquele desastre, o maior a
atingir o setor financeiro norte-americano desde a Depressão, resultou em uma operação
de resgate governamental que
custou cerca de US$ 125 bilhões aos contribuintes.
Mas os problemas estão crescendo tão rapidamente em alguns bancos de pequeno e médio porte que até 150 dos cerca
de 7.500 em atividade no país
poderiam entrar em colapso
nos próximos 12 a 18 meses, de
acordo com analistas. Outras
instituições de empréstimo
provavelmente fecharão filiais
ou tentarão fusões.
"Todo mundo está preparando listas, tentando descobrir
qual será o próximo banco a falir, em primeiro lugar, e, em segundo, quantos deles podem
desabar", disse Richard Bove,
analista da Ladenburg Thalmann. "Em terceiro lugar, do
ponto de vista de Washington,
que efeitos negativos isso terá
sobre a economia."
Investidores estão preocupados depois que as autoridades
regulatórias federais intervieram no IndyMac Bank, o banco
hipotecário da Califórnia. Com
ativos de US$ 32 bilhões, o
IndyMac, criado por cisão da
Countrywide Financial Corporation, foi a maior instituição
financeira americana a quebrar
em mais de duas décadas.
Agora, enquanto o governo
Bush enfrenta a crise nas duas
maiores instituições de financiamento hipotecário do país,
Fannie Mae e Freddie Mac,
uma sucessão de anúncios de
resultados por parte de alguns
dos maiores grupos financeiros
do país, nos próximos dias e semanas, provavelmente oferecerá lembretes sombrios sobre
o estado lastimável do setor.
O futuro da Fannie Mae e
Freddie Mac é vital para os
bancos, instituições de crédito
hipotecário e empresas de poupança, que detém US$ 1,3 trilhão em títulos emitidos ou garantidos pelas duas companhias. Caso os gigantes do setor
de hipotecas venham a dar o calote nessas obrigações, os bancos poderiam se ver forçados a
levantar bilhões de dólares em
capital adicional.
Prejuízo de bilhões
As grandes instituições que
devem anunciar resultados esta semana, entre as quais Citigroup e Merrill Lynch, não correm risco de quebra, mas algumas delas devem revelar a contabilização de bilhões de dólares em prejuízos.
O tempo pode estar se esgotando para algumas das pequenas e médias instituições de
empréstimos. Elas variam em
tamanho e localização, mas o
problema comum que as aflige
é o colapso do mercado imobiliário e os problemas dos empréstimos hipotecários. A
maioria desses bancos é bem
menor que os gigantes do setor,
que atraíram tamanha atenção
dos investidores e dos fiscais.
Ainda assim, apenas seis instituições de empréstimo faliram até agora neste ano, entre
as quais o IndyMac. Em 1994, a
FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) tinha uma
lista de 575 bancos que via como em crise. No segundo trimestre deste ano, a agência se
declarava preocupada quanto a
apenas 90. O número pode subir em agosto, quando o governo divulgará uma atualização.
O IndyMac não estava na lista de bancos em crise que o governo divulgou no trimestre
passado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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