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OMC vê "nuvem negra" na economia global
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Alertando para as "nuvens
negras" que cercam a economia
mundial, o diretor-geral da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), Pascal Lamy, pediu
ontem um esforço coletivo para
que haja um acordo na reunião
da próxima semana em Genebra, quando ministros das principais potências comerciais
tentarão concluir sete anos de
negociações da Rodada Doha.
Em meio às perspectivas globais preocupantes, Lamy vê sinais positivos no Brasil. Segundo ele, o país vive um período
de "transformação econômica", embalado pelo aumento no
preços das matérias-primas, o
forte investimento na indústria
e a elevação do consumo.
"Quando olho para os números do comércio, vejo que as exportações do país aumentaram
enormemente, sobretudo na
agricultura (...), beneficiadas
pelo aumento da competitividade e a disparada dos preços",
disse. A importação também
cresceu, acrescentou Lamy, por
dois motivos: o aumento do
consumo doméstico -"os pobres estão um pouco menos pobres"- e o investimento em
máquinas e equipamentos.
Os comentários de Lamy foram feitos ontem, durante o
lançamento do relatório anual
da OMC. A entidade manteve a
previsão divulgada em abril, de
4,5% de crescimento para o comércio mundial em 2008, contra 5,5% no ano passado e 8,5%
em 2006. O relatório não esconde, porém, o temor de que o
declínio seja ainda maior.
"Uma desaceleração da economia mundial mais forte que a
prevista poderá cortar o crescimento do comércio de forma
acentuada", diz o estudo.
Lamy disse que a crise econômica mundial deve servir de incentivo para a obtenção de um
acordo na Rodada Doha de
abertura comercial. "Diante de
nuvens negras no horizonte
econômico, gostaria de apelar a
todas as partes interessadas na
Rodada Doha que dêem o empurrão vital para que a negociações tenham um desfecho
bem-sucedido."
Segundo o diretor-geral da
OMC, estudos indicam que a
conclusão da rodada significaria um ganho de US$ 50 bilhões
anuais no comércio mundial.
Sendo um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o
Brasil seria um dos principais
beneficiados com a redução do
protecionismo dos países ricos
e a conseqüente ampliação do
mercado a seus produtos.
Para Lamy, as negociações na
OMC têm um significado que
vai além do comércio. "O que os
membros obtiverem juntos na
próxima semana será considerado uma indicação da vontade
e da habilidade da comunidade
internacional em dividir a administração da globalização de
forma efetiva e igualitária."
Ele calculou em mais de 50%
as chances de um acordo, ainda
não na "zona de conforto, entre
70% e 80%". Lamy convocou a
reunião de ministros da próxima semana apesar de persistirem divergências sobre os principais temas em negociação,
agricultura e bens industriais.
Além disso, há ceticismo quanto às chances de um acordo
com um governo americano em
fim de mandato.
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