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BEBIDAS
Segmento vive boom no país com aumento na concorrência, redução nos preços e investimento em publicidade
Mercado de sucos prontos para beber cresce 7,2%
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos bastidores do apelo saudável e crescente do mercado de sucos prontos para beber, ocorre
uma briga de foice entre as principais empresas de bebidas pela
preferência do consumidor.
Explica-se: a disputa é por um
segmento que cresceu 7,2% de
outubro de 2002 a setembro de
2003, ante outubro de 2001 a setembro do ano passado. Foram
11,45 milhões de litros a mais vendidos no varejo, aponta o instituto de pesquisas AC Nielsen.
Na mesma comparação, a indústria de refrigerantes -que
neste ano investe em novidades
como a Pepsi Twist e a Coca Light
Lemon, entre outros lançamentos- cresceu irrisório 0,2%.
Não é por acaso que a Coca-Cola lança no Brasil neste fim de semana, no início apenas na rede de
lanchonetes McDonald's, sua
marca Minute Maid, líder mundial em sucos.
"De cada cinco bebidas vendidas no McDonald's, uma é suco. É
um crescimento espantoso, o dobro de há cinco anos", diz Mauro
Multedo, vice-presidente de marketing e comunicação da rede.
Com o lançamento, a Coca-Cola segue o mesmo caminho tomado por empresas como a chinesa
WOW!, que em novembro do ano
passado lançou o SuFresh, que
tem 10% do mercado paulista.
"O segmento de suco pronto
para beber representa apenas 5%
do mercado de sucos e está crescendo muito. E por isso mesmo
todo mundo está querendo entrar", afirma o diretor de marketing da empresa, Edson Chang.
De 2002 até o momento, entraram no mercado a Kraft Foods,
com o Maguary Pronto para Beber, a Vigor, com o Néctar Syn, o
Pão de Açúcar, com marcas próprias, e a Mais, com o Suco Mais,
entre outras empresas.
A concorrência provoca alterações bruscas no ranking dos líderes em participação de mercado.
Hoje, a Marbo, da marca Tampico- que em setembro do ano
passado era vice-líder, com 17,4%
do volume de mercado-, está
em quarto, com 8,9%. A Mais, hoje com 12,5%, tinha 0,2% no mesmo período do ano passado.
A Del Valle continua em primeiro lugar, com 25%, mas perdeu cinco pontos percentuais de
2002 até hoje.
"Essa competitividade do mercado causa hoje uma guerra de
preços", analisa Chang. Essa é
uma das explicações para o aumento da demanda pelo produto:
os preços estão menores.
Além disso, o mercado específico de sucos prontos para beber
em embalagens que não requeiram refrigeração, como as em lata, por exemplo, é relativamente
novo no país. A Del Valle, a primeira empresa de peso a entrar
nesse mercado, chegou em 97 ao
Brasil.
As empresas explicam o crescimento também como um aumento da demanda por produtos naturais. "Além disso, há a questão
da conveniência. As pessoas querem gastar menos tempo na cozinha", diz o diretor comercial da
Mais, Rogério Botelho.
Os investimentos em publicidade de sucos prontos cresceram
721,34% no primeiro semestre em
relação ao mesmo período de
2002, segundo o Ibope Monitor.
Fogo cruzado
Além da concorrência natural
entre as empresas, uma polêmica
maior sacode o mercado.
Alguns dos produtos encarados
pelo consumidor como suco
prontos -como o Tampico e
Fruthico, entre outros- não são
considerados como tal pelo Ministério da Agricultura, já que
possuem uma quantidade muito
pequena de suco de frutas.
"É um produto com cor de laranja e rótulo com imagens de
frutas, o que engana o consumidor", afirma Marcos Santin, presidente da Laranja Brasil, que reúne a cadeia produtora de citros.
A entidade encaminhou ao Ministério da Agricultura uma proposta na qual pede que as bebidas
artificiais não possam utilizar corantes em sua composição.
"Somos uma bebida à base de
suco e seguimos integralmente o
que a legislação nos solicita", rebate Daniel Peres, diretor de vendas da Tampico Brasil.
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