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Maior importação de máquinas antecipa tendência
DA REPORTAGEM LOCAL
Um sinal de que os empresários
estão mais animados para investir
já apareceu nos dados de importação de bens de capital, entre os
quais estão incluídos máquinas e
equipamentos. Após 20 meses em
queda, a importação de bens de
capital voltou a crescer em setembro: 4,9% sobre igual mês de 2002.
Em outubro, a importação cresceu mais ainda: 30,9% sobre igual
período do ano passado. "Tudo
indica que, neste mês, a aquisição
de bens de capital do exterior vá
se manter num ritmo forte", afirma José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil).
Na sua análise, esses números
mostram claramente que os empresários estão mais otimistas por
conta das exportações e também
da retomada de alguns setores da
economia neste semestre. "Ainda
não dá para dizer se o investimento se destina a modernizar fábricas ou a ampliar a capacidade,
mas, nos dois casos, deve resultar
em aumento de produtividade."
Telefones voltam a tocar
Outro dado que pode mostrar
recuperação da atividade econômica, na sua análise, é o aumento
nas importações de matérias-primas e bens intermediários (como
chapas de aço).
Em outubro, a importação desses produtos subiu 18,1% sobre
igual mês de 2002, de US$ 2,15 bilhões para US$ 2,54 bilhões. Em
setembro, já havia crescido 22,3%
sobre igual mês do ano passado.
"Não sabemos se essa importação vai atender o mercado interno
ou o externo e se é duradoura ou
passageira, mas, de qualquer forma, indica aumento da atividade
do país."
Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação que
reúne a indústria de máquinas,
informa que, em outubro, o mercado deu sinais de recuperação.
"O telefone das empresas não tocava e passou a tocar", afirma.
"De janeiro a setembro", diz
Delben Leite, "o faturamento real
do setor caiu 17,2% em comparação com igual período do ano
passado". As exportações cresceram 30,7% e as importações caíram 12,5% no período. "Isso mostra que a queda no mercado interno foi maior."
Reação do setor têxtil
As indústrias que demandam
mais máquinas e equipamentos
são as ligadas à agricultura e aos
setores de petróleo e gás, que já
estavam mais aquecidos. "O setor
têxtil começou a reagir agora. Algumas indústrias também estão
encomendando equipamentos
para controle de qualidade", diz
Delben Leite.
A Abdib, associação que reúne
as indústrias de base, informa que
o país precisa de US$ 20 bilhões
por ano em investimentos, mas,
neste ano, esse número não deve
chegar à metade. "O que sustenta
um ciclo longo de investimentos
são os gastos públicos, e não há
nem sinal de que eles vão aumentar no próximo ano", afirma Ricardo Carneiro, da Unicamp.
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