São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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"RISCO-MENSALÃO"

Dólar cai e Bolsa sobe; estrangeiros tiraram R$ 173 milhões da Bovespa nos primeiros dez dias do mês

Mercado mantém cautela com Palocci na mira

Caio Guatelli/Folha Imagem
Pregão da BM&F no centro de São Paulo; mercado acompanhou depoimento do ministro Antonio Palocci no Congresso


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores foram surpreendidos no feriado com a decisão do ministro da Fazenda Antonio Palocci de adiantar, da próxima semana para ontem, seu depoimento no Senado. Atentos à fala do ministro, os investidores preferiram ser cautelosos em seus negócios de ontem.
O dólar terminou as operações vendido a R$ 2,204 -baixa de 0,27%. A Bovespa subiu 0,87%. O BC voltou a comprar dólares do mercado ontem.
Palocci tem sido sido alvo de acusações e especulações, que fizeram com que o mercado financeiro passasse a considerar mais forte a possibilidade de ele deixar o comando da Fazenda.
"O mercado ficou cauteloso, à espera do que o Palocci diria à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Passado o Palocci, espera-se que o BC volte logo a vender "swap cambial reverso". Do contrário, há espaço para o dólar cair rapidamente, descendo em pouco tempo aos R$ 2,15", afirmou Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
O dólar disparou na segunda-feira -registrou alta de 2,13% naquele dia- muito por conta da expectativa de que o BC deve realizar nos próximos dias um leilão de contratos de "swap cambial reverso".
Para as instituições financeiras que compram esses títulos, é oferecida a variação dos juros em determinado período. Já o BC recebe a oscilação da moeda. Os contratos chamam "swap" (troca, em inglês) porquê o vendedor e o comprador dos títulos se comprometem a pagar, um ao outro, a variação de uma taxa ou ativo financeiro. E "reverso" porquê normalmente é o BC quem paga a variação cambial e recebe uma taxa de juros.
Segundo avaliação da consultoria GRC Visão, os leilões de "swap reverso" devem ocorrer nos próximos dias. "Porém, a tendência ainda é de queda para o dólar, marcada pela união de fatores como os altos juros reais no Brasil, os baixos juros no mercado externo, a forte liquidez internacional, os consecutivos recordes na balança comercial do país e o grande volume de captações externas por empresas públicas e privadas", diz a consultoria.

Ações
Nos primeiros dez dias deste mês, os investidores estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bovespa. O saldo dessas operações ficou negativo em R$ 173,36 milhões. Em todo o mês de outubro, esse balanço foi negativo em R$ 59,07 milhões.
Representando mais de 30% dos negócios totais realizados na Bolsa, os estrangeiros são importantes para o mercado acionário doméstico ter forças para subir neste último bimestre do ano.
A queda das taxas futuras de juros ontem mostra que há investidores confiantes na possibilidade de a taxa básica da economia (Selic) fechar o ano abaixo dos 18%. Espera-se que a taxa básica, que está em 19%, seja reduzida para 18,50% na próxima semana, quando haverá a reunião mensal do Copom (Comitê de Política Monetária).
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) de ontem, a taxa do contrato DI -que mostra as projeções futuras para os juros- que vence na virada do ano caiu de 18,35% para 18,30%.
No mercado internacional, o risco-país chegou ao fim das operações de ontem praticamente estável, aos 352 pontos.
O Global 40, principal título da dívida brasileira negociado no exterior, registrou uma valorização de 1,20%.


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