São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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BC intensifica compra de dólar e adquire US$ 5 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central intensificou sua atuação no mercado de câmbio neste mês, aumentando em mais de 50% o volume de dólares comprado, na média, em cada um de seus leilões. Ao todo, entre 3 de outubro e 8 de novembro, o BC adquiriu cerca de US$ 5,2 bilhões, dinheiro que foi depositado nas reservas em moeda estrangeira do governo.
No mês passado, o BC fez 18 leilões de compra de dólares, que resultaram na aquisição de aproximadamente US$ 3,5 bilhões -uma média de US$ 194 milhões em cada operação. Neste mês, até o dia 8, foram seis leilões em que o BC comprou US$ 1,7 bilhão -US$ 335 milhões por vez.
Esses números foram estimados com base em dados divulgados pelo BC. O valor das compras diárias só é fornecido pela instituição em reais, sendo que o total de dólares pode ser calculado com base na cotação média praticada em cada leilão.
Ao todo, o mercado de câmbio movimenta entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão por dia. No mês passado, o BC começou a comprar dólares depois de mais de seis meses sem operar no mercado.
A justificativa oficial para as operações foi a necessidade de reforçar as reservas internacionais do país, embora as intervenções tenham também o efeito de pressionar a cotação do dólar.
No dia 1º de novembro, por exemplo, o BC comprou US$ 470 milhões -quase metade do movimento de um dia normal no mercado. No dia 3, foram adquiridos mais US$ 465 milhões. A ação mais agressiva, porém, não impediu a contínua queda do dólar: a cotação da moeda dos EUA chegou a registrar dez dias (úteis) seguidos de queda.

Palocci
Essa trajetória só se interrompeu na última segunda-feira, quando os rumores de uma possível demissão do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e a expectativa de uma ação mais forte do BC no mercado futuro de câmbio trouxeram um certo nervosismo aos investidores.
A valorização do real se explica, em parte, pelo elevado fluxo de capital externo que o país tem recebido nos últimos meses. Em outubro, segundo o BC, a entrada líquida de recursos ficou em US$ 3,786 bilhões. Outros US$ 206 milhões ingressaram nas primeiras duas semanas deste mês, segundo dados parciais.
Embora não tenha feito o dólar subir, as intervenções do BC no câmbio podem ter impedido uma desvalorização ainda maior da moeda norte-americana.
Além disso, as compras efetuadas nas últimas semanas levaram a um aumento das reservas internacionais: desde o começo de outubro até a segunda-feira passada, elas subiram de US$ 52,850 bilhões para US$ 61,798 bilhões.


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