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TRIBUTOS
Votação está marcada para amanhã, dia de quórum fraco no Senado; depoimento de Palocci impediu decisão ontem
MP da "Super-Receita" não deve ser votada
FELIPE RECONDO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), admitiu ontem que a medida provisória 258,
que cria a "Super-Receita", deve
"cair melancolicamente". Ainda
mais taxativo, o senador Tião Viana (PT-AC) afirmou que a MP
"está morta".
O pessimismo dos petistas deve-se à decisão do presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) de marcar para amanhã a sessão para votar a MP da
"Super-Receita" -nas sextas-feiras os senadores costumam estar
fora de Brasília.
A votação não ocorreu ontem,
como planejava o governo, devido ao depoimento do ministro
Antonio Palocci (Fazenda) na
CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, que mobilizou as atenções dos congressistas.
Em tese, os senadores ainda poderiam fechar um acordo para
votar a medida hoje. No entanto,
o dia deve ser utilizado para as lideranças dos partidos discutirem
pontos da MP, chegando a um
acordo para votá-la amanhã. Para
Delcídio e Viana, no entanto, não
deve haver quórum para aprovar
a medida provisória.
O texto precisa ser votado no
plenário do Senado até a meia-noite de sexta-feira. Caso contrário, será arquivado. Além disso, se
houver qualquer alteração no que
foi aprovado pela Câmara, os deputados deverão voltar a analisar
essas mudanças, o que torna a MP
ainda mais inviável.
Se a medida não for aprovada, o
governo terá de desmontar a estrutura unificada de fiscalização
de tributos cobrados pelo Ministério da Fazenda e obrigações fiscalizadas pela Previdência.
O governo precisará então apresentar um projeto de lei, com tramitação mais lenta que a MP, ou
esperar 2006 para editar um novo
texto de medida provisória.
O objetivo da medida é melhorar principalmente os sistemas de
cobrança de impostos da Previdência. O governo teria com a
"Super-Receita" melhores condições de fazer a fiscalização contra
a sonegação e cobrar devedores.
A não-aprovação da medida,
entretanto, agrada os auditores da
Receita, que eram contrários às
mudanças.Os auditores estão em
greve há várias semanas contra a
unificação das duas secretarias. O
texto aprovado pela Câmara, entretanto, atendeu parcialmente as
reivindicações dos técnicos.
Entre as críticas dos auditores
está a unificação da arrecadação
previdenciária com a fazendária.
Para o Unafisco Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais
da Receita Federal), essa junção
irá desviar do caixa da Previdência recursos que deveriam financiar a Seguridade Social.
Segundo o Unafisco, a tentativa
de unificação dos fiscos fracassou
nos países em que o modelo foi
implantado. Esse teria sido o caso
da Espanha, que voltou atrás no
modelo, e da Argentina, que planeja revogar a unificação e devolver a atribuição de cobrança à
Previdência.
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