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Copa do Mundo, principalmente, e eleições vão turbinar setor em 2006
Agências prevêem faturar mais 20%
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes anunciantes do país
começam a traçar agora os planos
de investimento em mídia para
2006, com a definição dos valores
a serem gastos em campanhas publicitárias para o período. A partir
deste mês, aparecem os primeiros
"rabiscos" e, com base neles, as
agências já prevêem crescimento
nominal de até 20% no faturamento para o próximo ano -o
que representa expansão real de
15% para o setor em 2006.
A Copa do Mundo terá forte peso nisso. A Nike, patrocinadora
oficial da Seleção Brasileira, abandonou há duas semanas a antiga
agência e está agora à caça de uma
nova empresa de publicidade para administrar sua conta de mídia
em 2006 no país.
"As companhias investem mais
em ano de campeonato mundial
de futebol. É inevitável pelo tamanho da "vitrine" à disposição das
marcas", diz Marcio Santoro, diretor de atendimento da África,
agência de Nizan Guanaes.
A Coca-Cola, por exemplo, gastou R$ 200 milhões em publicidade no país em 2002, ano da última
Copa, segundo informa o "Top of
Mind" da Folha. Em 2004, sem o
evento, o gasto foi bem menor, de
R$ 95,3 milhões, segundo dados
do Projeto Intermeios, da revista
"Meio e Mensagem". Para este
ano, a empresa não faz previsões.
A McCann-Erickson, quinta
maior agência do país (dados de
2004), acredita em crescimento
nominal de 15% a 20% em 2006
em relação a 2005. Para este ano, o
grupo espera expansão de 18%
em sua receita, segundo dados
preliminares. Ou seja, será expansão em cima de expansão.
"Não é nenhum sonho crescer
até 20% em 2006. Também não se
trata de uma análise conservadora. Temos contas de peso [Nestlé,
TIM, Coca-Cola] com estimativa
de investimento forte", diz Julio
Castellanos, o novo CEO da
McCann. A agência começou neste mês uma reformulação interna
após a saída do então presidente,
Jens Olensen, há dez dias.
Eleições
Na Africa, a estimativa é de crescimento de 20% neste ano e de repeteco dessa expansão para 2006.
Na DPZ, uma das poucas agências 100% nacionais, a estimativa
é de alta de 20% na receita nominal para o próximo ano. Em 2005,
a receita terá passado (estimativa)
de cerca de R$ 380 milhões para
R$ 460 milhões -alta de 21%.
Para Roberto Duailibi, um dos
fundadores da DPZ, as eleições
presidenciais no próximo ano devem ter efeito menor no mercado
como fator propulsor de mais investimentos.
"Geralmente, as eleições ajudam o setor de comunicação como um todo, não especificamente
as agências. O que existe, porém,
são dúvidas a respeito de como os
partidos políticos devem se comportar quanto a esses gastos após
o efeito "Marcos Valério'", diz ele.
O empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza, das agências
DNA e SMP&B, foi personagem
do escândalo do "mensalão", que
revelou a existência de caixa dois
em campanhas eleitorais.
Para Duailibi e Sergio Valente,
presidente da DM9DDB, é preciso
considerar nessas previsões, no
entanto, as expectativas de crescimento da economia para 2006.
Analistas trabalham com a previsão de alta de até 4,5% no PIB
(Produto Interno Bruto) para o
próximo ano.
"A possibilidade de estagnação
econômica não ajuda o segmento.
Há analistas que já falam na possibilidade de os juros básicos da
economia ficarem acima de 15%
ao final de 2006, e isso é negativo
para o consumo", diz Valente.
Um eventual crescimento das
agências no próximo ano fará
com que o setor tenha três anos
consecutivos de expansão nos resultados -processo iniciado em
2004-, após um triênio (2001 a
2003) de desempenhos pífios.
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